O mundo inteiro assina manifesto em defesa dos povos indígenas do Brasil

Por Marcos Aurélio Ruy. Foto: Sebastião Salgado

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e sua companheira Lélia Wanick Salgado divulgaram, no domingo (3), uma carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro para que se tome ações para proteger os povos indígenas da Covid-19 e frear o desmatamento na Amazônia.

Para Salgado, “a responsabilidade do Brasil será muito grande se isso ocorrer (genocídio dos povos indígenas) e o país será levado às cortes internacionais por não ter tomado posição em relação a populações em perigo, julgado e condenado”. O Brasil passará mais essa vergonha?

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https://secure.avaaz.org/po/community_petitions/presidente_do_brasil_e_aos_lideres_do_legislativo__ajude_a_proteger_os_povos_indigenas_da_amazonia_do_covid19/?fpla

Rapidamente o manifesto ganhou a adesão de artistas, intelectuais e políticos do mundo inteiro e de diferentes matizes ideológicos. Até o fechamento desta matéria, já se aproximada de 210 mil assinaturas por providências urgentes.

Madonna, Meryl Streep, Gisele Bündchen, Oprah Winfrey, Juliette Binoche, Paul McCartney, Brad Pitt, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Pedro Almodóvar, Win Wenders, Richard Gere e Sylvester Stallone estão entre os assinantes.

“Os povos indígenas do Brasil enfrentam uma grave ameaça à sua própria sobrevivência com o surgimento da pandemia da Covid-19”, diz trecho do manifesto. “Sua situação é duplamente crítica, porque os territórios reconhecidos para uso exclusivo de populações autóctones estão sendo ilegalmente invadidos”, complementa e acrescenta que “sem nenhuma proteção contra esse vírus altamente contagioso, os índios sofrem um risco real de genocídio, por meio de contaminações provocadas por invasores ilegais em suas terras”.

Assista vídeo sobre o manifesto, feito por Fernando Meirelles

De acordo com informações do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais, o desmatamento na Amazônia atingiu 5.260,18 km² entre agosto de 2019 e março de 2020. Em igual período do ano passado foi de 2.525,5 km². Somente entre janeiro e março deste ano a devastação foi de 796,08 km². Um triste recorde no desmatamento da floresta.

“Bolsonaro liquidou com as políticas ambientais e incentiva o desmatamento e as queimadas na Amazônia, além de permitir a invasão das terras indígenas por mineradoras, madeireiras e grileiros”, afirma Rosmarí Malheiros, secretária de Meio Ambiente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Para a sindicalista maranhense, o presidente insano Jair Bolsonaro “nunca se mostrou disposto a incluir os direitos indígenas e de preservação ambiental em seu desgoverno”. Por isso, “precisamos pressionar o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal) exigindo medidas urgentes pela saúde dos povos indígenas, contra a política de extermínio e de desvalorização da vida”.