Resultado final das eleições mostra triunfo contundente do Movimento ao Socialismo na Bolívia

Apurados 100% dos votos constata-se que a chapa presidencial do Movimento ao Socialismo (MAS), formado por Luis Arce e David Choquehuanca, ganhou as eleições na Bolívia no primeiro turno de forma contundente.

O candidato presidencial do MAS obteve 55,10% dos votos, 26,27 pontos percentuais acima de seu rival mais próximo, Carlos Mesa, da “Comunidade Ciudadana”.

O resultado final foi o seguinte:

Total de votos: 6.483.893
Votos em branco: 1,41%
Votos Nulos: 3,58%

Proporção dos Válidos
MAS-IPSP: 55,10%
CC: 28,83%
CREEMOS: 14,00%
OUTROS: 2,08%

CADEIRAS NO SENADO
MAS: 21
CC: 11
CREEMOS: 4

DEPUTADOS
MAS: 73
CC: 41
CREEMOS: 16

Derrotando o golpe e os EUA

No domingo (18), os bolivianos desafiaram a pandemia da Covid-19 e saíram para exercer seu direito de voto, depois de quase um ano de governo imposto no contexto de um golpe de Estado perpetrado por setores reacionários com apoio da OEA e dos EUA. Foi uma aula de cidadania.

Arce realizou sua campanha política sem renunciar ao magistério. Economista, professor e político boliviano de 57 anos, foi Ministro da Economia e Finanças da Bolívia de 23 de janeiro de 2006 a 24 de junho de 2017 e, pela segunda vez, de 23 de janeiro de 2019 a 10 de novembro daquele ano, quando renunciou ao cargo no contexto do golpe.

Interessado em transformar a nação, junto com Evo Morales, ele colocou em prática políticas favoráveis às empresas que geraram vigoroso crescimento econômico, uma das mais reconhecidas foi a transformação do setor de gás, que teve como objetivo a industrialização do lítio.

Redução da pobreza

Durante sua gestão, a Bolívia posicionou-se como a economia com maior crescimento e redução da pobreza entre os países sul-americanos.

Choquehuanca, vice-presidente eleito, é um sindicalista e dirigente político de origem aimará, que atuou como chanceler boliviano entre janeiro de 2006 e janeiro de 2017, durante a primeira, segunda e terceira administrações do ex-presidente Evo Morales Ayma.

Entre 2017 e 2019, também atuou como Secretário-Geral da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA).

Durante sua gestão como chanceler, trabalhou pelo reconhecimento da Pachamama (mãe terra), tradição dos povos originários.

Em 5 de março de 2017, Choquehuanca foi nomeado secretário-geral da ALBA durante a XIV Cúpula Extraordinária da organização realizada em Caracas.

Evo exige renúncia de Luis Almagro

O ex-presidente Evo Morales exigiu nesta sexta-feira (23) a renúncia do Secretário-Geral da OEA Luis Almagro, após afirmar que suas mãos estão manchadas com o sangue do povo boliviano e que lhe falta a autoridade moral para dirigir o destino da organização.

‘Que nunca mais sejam como Luis Almagro’, declarou o ex-presidente em entrevista coletiva, destacando que o relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) sustentou o mecanismo de um golpe de Estado que custou a vida de muitos de seus compatriotas.

Danos irreparáveis

De um dos quartos do Hotel Quagliaro, o primeiro presidente indígena da Bolívia fez uma forte declaração à OEA, salientando que seu secretário-geral havia causado danos irreparáveis e, após pedir sua demissão, disse que, se não o fizesse, solicitaria aos Estados-membros que iniciassem, sob a proteção da Carta da OEA, os procedimentos relevantes para sua remoção.

O ex-presidente, refugiado político na Argentina, também exigiu uma auditoria independente do trabalho técnico que levou à preparação daquele relatório sobre as eleições de novembro de 2019, que ele descreveu como fraudulento, a fim de estabelecer responsabilidades e remover quaisquer sombras das pessoas que foram vítimas de uma conspiração e de um golpe, disse ele.

Por outro lado, Morales anunciou que apresentará uma queixa ao Tribunal Penal Internacional para que os responsáveis pelo golpe de Estado possam ser julgados e processados. Desta forma, disse ele, o povo da América Latina será poupado do que o povo boliviano sofreu.

Consciência popular

Sobre a vitória do Movimento ao Socialismo (MAS) no domingo passado, ele disse que o resultado reconfirmou “que não houve fraude, sim houve um golpe. No ano passado, ganhamos as eleições de forma limpa e justa, os resultados de 2019 e 2020 são praticamente os mesmos e até os superaram”, enfatizou.

Depois de chamar as recentes eleições de um evento histórico após tanto sofrimento, o líder indígena observou que o povo, em quem confiou, “está consciente de nosso processo de mudança” e ressaltou que o MAS também terá uma maioria em ambas as casas do Congresso.

Finalmente, ele destacou que o novo presidente boliviano, Luis Arce, é o líder que seu país precisa para retornar ao caminho democrático e começar a resolver a crise, e insistiu mais uma vez em fortalecer a unidade latino-americana e colocar a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) de novo em pé.

Fonte: Prensa Latina