Seminário sobre Integração latino-americana debate crise econômica mundial

Integração latino-americana, razões macroeconômicas, políticas e sociais e uma alternativa concreta para a classe trabalhadora diante da crise capitalista foram os temas do seminário realizado sexta-feira (27), no auditório da Superintendência Regional do Trabalho (SRT), dentro da programação do Fórum Social Temático 2012. A promoção foi da CTB, da Intersul (Instituto de Estudos Estratégicos para a Integração da América do Sul) e Encontro Sindical Nossa América, com apoio do CES (Centro de Estudos Sindicais).

Pautados pela crise capitalista que atinge os países ricos, e que também é tema do FST, na parte da manhã os debatedores Ramon Cardona, cubano secretário da Federação Sindical Mundial (FSM), o senador Inácio Arruda (PCdoB/CE), e o economista José Carlos de Assis, presidente da Intersul, defenderam a necessidade de maior integração entre os países da América do Sul. Eles acreditam na ampliação e fortalecimento do Mercosul (Mercado Comum do Sul) para uma maior integração econômica, política, produtiva, educacional e cultural. Enfrentar o capitalismo com a resistência e a luta sistemática dos trabalhadores, também foi o discurso dos debatedores.

“Precisamos proteger nossa região que tem condições de se desenvolver e trazer distribuição de renda e qualidade de vida para os nossos povos” discursou o senador Arruda. “Chega de sermos dirigidos, controlados e orientados pelo imperialismo dos Estados Unidos”.

“A batalha que estamos travando não é simples, é de profundidade. Mais recentemente nós assistimos ao ressurgimento de organismos como o Mercosul, o Pacto Andino, a Associação Caribenha, que nasceram sob os auspícios do neoliberalismo, com a ideia de que em seguida poderiam se transformar num grande mercado norte-americano – a Alca – o que coincidiu  com a ascensão, pelo voto, de governos do campo popular de esquerda e democráticos. Em 2004, com a unidade desses países – Brasil, Argentina, Venezuela, Uruguai, entre outros – acertaram o fortalecimento de suas instituições regionais em detrimento da formação do grande mercado americano. Em outras palavras, enterraram a Alca em Mar Del Plata. E tomara que tenha sido numa dessas depressões profundas que não permita que eles ressurjam porque a tentativa é permanente. Essa foi uma tentativa importante, só possível de ser adotada porque houve uma mudança de caráter político, pois de outra forma não aconteceria”, analisou o senador cearense.  

“Esta não é uma crise cíclica, mas uma crise profunda, a maior da história do capitalismo porque atingiu o coração do capital financeiro mundial”, afirmou o especialista José Carlos de Assis.

“Acreditamos na unidade para fortalecer os trabalhadores e o movimento sindical e para enfrentar a concentração de renda, porque sem justiça social não haverá paz social. Outro mundo é possível e os trabalhadores o merecem”, defendeu Cardona.

Alternativa concreta para a classe trabalhadora diante da crise capitalista

Na parte da tarde, o debate foi sobre o posicionamento dos trabalhadores frente à crise mundial. A mesa foi composta pela CTB, representando o Brasil, a PIT/CNT, do Uruguai, a CST, da Venezuela, CTC, de Cuba, e representantes da Argentina e Paraguai, e pelo deputado federal Assis Melo, que é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul. A mesa foi coordenada por João Batista Lemos, vice-presidente da FSM.

Os sindicalistas defenderam a importância da união da classe trabalhadora para o enfrentamento ao capitalismo. Em seus discursos deixaram claro que este sistema não serve aos trabalhadores e que só tende a piorar. Por outro lado entendem que só o socialismo trará melhores condições aos trabalhadores e uma sociedade mais justa e igualitária.

Em todas as falas os dirigentes sindicais apontaram a necessidade da industrialização com sustentabilidade, porque, segundo eles com indústrias fortes é que haverá emprego e desenvolvimento econômico com distribuição de renda. Ainda fazendo referência à crise mundial, observaram que o perigo no mercado globalizado não é a China, mas os Estados Unidos e a Europa. O que estes países em crise profunda querem importar e exportar para o Brasil e os demais países sul-americanos e que poderá afetar as economias internas.   

“Nós não estamos ainda em uma América socialista. Mas vimos que os sindicalistas presentes têm o pensamento único em favor do socialismo em alternativa ao capitalismo. Aqui debatemos como intervir concretamente nos processos em curso. A classe trabalhadora quer a garantia da soberania nacional de cada país, política, alimentar, energética, da biodiversidade, da inovação tecnológica e a questão da educação”, sintetizou João Batista Lemos, vice-presidente da Federação Sindical Mundial e diretor-adjunto de Relações Internacionais da CTB. “Temos que intervir politicamente nesse processo e influenciar para que ele seja acelerado. Como, por exemplo, combater o monopólio das transacionais midiáticas. Mas, para isso, temos que estar muito unidos como fizemos nesse debate em que os sindicalistas presentes nos ajudaram a construir uma opinião mais classista, progressista, avançada, a fim de sermos protagonistas no processo de integração e da luta da classe trabalhadora, não só em nosso continente, mas em todo o mundo”, finalizou João Batista, que agradeceu pela contribuição da CTB do Rio Grande do Sul para o sucesso da Central em sua participação no Fórum Social Temático.

Por Emanuel Mattos – CTB-RS e Márcia Carvalho – Fecosul (Fotos: Márcia Carvalho e Lílian Baptista)

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