“Bolívia dos ricos” faz oposição a Evo Morales e quer presidente longe do Palácio Quemado

Nas lojas de grifes famosas, bares e restaurantes de preços mais altos, não há espaço para os tradicionais adesivos "Evo Si" que podem ser encontrados em todo o resto da cidade. E também não existem as pichações em muros louvando as conquistas do presidente indígena.

Nas ruas arborizadas de Achumani e Calacoto, cresce uma oposição que não acompanha o sentimento do restante do altiplano boliviano, que é de apoio incondicional a Evo Morales. Para a nutricionista Verônica Cortez, a verdade é que o governo atual não é muito diferente dos anteriores. "Há muita corrupção, muito egoísmo. E é um governo carregado de ódio, de ressentimento, que tem muita energia ruim".

A empresária Maria Eugênia Barreiro considera que a Bolívia já era um país atrasado em cem anos e agora está retrocedendo ainda mais. Ela pensa que as nacionalizações de algumas empresas, como as que operavam no setor de gás, foram muito prejudiciais ao país: "quem virá investir se há uma insegurança bárbara? Que empresário virá à Bolívia se não sabe o que vai acontecer amanhã?"

Ao lado de Maria Eugência, a contadora Regina Medina concorda e acrescenta que há uma crise econômica terrível. O preço do frango, item fundamental do cardápio boliviano, nunca esteve tão alto.

Para o militar reformado Julio Arano Saldaña, a única saída é a revogação do mandato de Evo Morales no domingo, quando a Bolívia vai às urnas para decidir se o presidente e oito dos nove governadores devem continuarseus mandatos. Ele acredita que se Morales não deixar o Palácio Quemado, o país vai chegar a uma guerra civil por conta da demanda de alguns estados por maior autonomia em relação ao governo central.

Nos bairros de Achumani e Calacoto, ninguém esconde que a relação de Morales com o presidente da Venezuela Hugo Chávez incomoda. A enfermeira Jaqueline Mela admite que seu presidente chegou até a ter ações que outros governos não tiveram, mas afirma que ele se deixou influenciar muito pelo colega venezuelano. "Agora querem militarizar a todos nós. Não temos porque estar esperando outros países. O governo está provocando a todos, fazendo com que nos enfrentemos".

Conforme constatamos, a oposição a Evo Morales está muito mais perto do que ele imagina e não é preciso cruzar a Bolívia até o departamento de Santa Cruz de La Sierra para encontrar descontentes com o presidente do país.

Fonte: Site UOL

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