O governo brasileiro tem interesse em avançar rapidamente na direção de um acordo entre Mercosul e a União Europeia, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Para a CTB, a negociação, vista com expectativa pelos europeus, por conta da atual crise financeira, tem que levar em consideração os interesses da classe trabalhadora latino-americana.
“Qualquer política do governo brasileiro nesse sentido deve levar em conta os interesses do país e da América Latina”, defende o secretário adjunto de Relações Internacionais da CTB, João Batista Lemos.
As negociações para um acordo birregional estão interrompidas desde 2004. O ministro deu as declarações durante o encerramento do 6° Encontro Empresarial Brasil-União Europeia, iniciativa de empresários brasileiros e europeus. Nesta quinta-feira (24), será realizada a Cúpula Brasil-União Europeia, com participação da presidenta Dilma Rousseff e dos líderes do bloco econômico.
Pimentel destacou que o país deseja o acordo entre os blocos sul-americano e europeu, mas tem de buscar acordo com os outros países do Mercosul. O grupo reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai, este último suspenso até abril. O ministro abordou também a crise internacional. Segundo ele, o Brasil acompanha “com interesse” o desdobramento das políticas europeias no enfrentamento da crise econômica. “Para a estabilidade econômica do mundo, é fundamental que a União Europeia recupere sua economia, atravesse o momento de crise”, disse.
Indústria
O ministro recebeu uma declaração conjunta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e das organizações europeias Business Europe e Eurochambre pedindo políticas para melhora nas relações de comércio entre o Brasil e o bloco europeu. No documento, os representantes do setor privado brasileiro e europeu pedem a remoção de barreiras protecionistas ao comércio, a conclusão do acordo Mercosul-União Europeia, estabelecimento de parcerias para inovação e cooperação em fóruns econômicos como o G20 (grupo das maiores economias do mundo) para desestimular a guerra cambial.
Para Batista, o Brasil deve basear sua política externa a partir de um processo de integração regional, que envolva os países latino-americanos, com vistas a uma relação Sul-Sul. “Não podemos resolver os problemas da União Europeia com o aumento do desemprego na América Latina. Temos que priorizar o nosso fortalecimento interno e o relacionamento com outras nações em desenvolvimento”, afirmou o dirigente da CTB, dando destaque aos chamados BRICS (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Salvação da lavoura
Nos últimos meses, representantes da União Europeia têm defendido a criação de um tratado de livre-comércio junto ao Mercosul. Com o cenário de dificuldade econômica vivido por grande parte dos países do bloco, a ampliação do comércio com os latino-americanos é vista como a salvação da lavoura por parte de diversos governos europeus.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, tem sido mais cauteloso ao falar sobre possíveis acordos. Na semana passada, em entrevista a correspondentes estrangeiros, ele se limitou a dizer que o encontro será uma “grande oportunidade de debatermos os efeitos da crise sobre a zona do euro”.
Com informações da Agência Brasil