Otan completa 70 anos e o clima é de velório

Presidente francês diz que organização está em “morte cerebral”

Realiza-se em Londres nesses dias 3 e 4 de dezembro uma reunião de cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que completa na quarta-feira (4) 70 anos da fundação. Criada no dia 4 de abril de 1949, a organização foi desde então orientada por um agressivo anticomunismo e se contrapôs ao poderio militar da União Soviética, que em resposta fundou o Pacto de Varsóvia, em 1955.

A URSS foi dissolvida em 1991, um acontecimento que o presidente russo Vladmir Putin definiu como “a maior tragédia do século 20”. Mas, ao contrário do que muitos esperavam, a Otan não morreu. Foi preservada e ampliou o seu caráter agressivo. Expandindo-se para o Leste europeu, provocou a guerra e a destruição da Iuguslávia e estimulou revoluções coloridas e guerras híbridas no entorno da Rússia.

Instrumento do imperialismo

Ao longo dos seus 70 anos de existência, proclamando-se falsamente como defensora da democracia e da paz, a Otan se consolidou na verdade como um instrumento de domínio imperialista hegemonizado pelos EUA, semeando guerras contra a soberania, a democracia e os direitos de Estados e dos seus povos.

Na atual conjuntura, marcada pela crise da ordem capitalista mundial hegemonizada pelos EUA, acirramento das lutas de classes e em especial dos conflitos internacionais, a organização é um perigoso foco de ameaças, desestabilizações e confrontos. Por esta razão, as forças progressistas da Europa defendem o fim do tratado militar como uma condição para a defesa da paz mundial, o desarmamento e o respeito à soberania das nações.

Todavia, cabe sublinhar que, apesar das identidades políticas e ideológicas, o bloco capitalista tornou-se também um ninho de contradições e controvérsias entre seus membros. Diante do presidente americano, Donald Trump, o presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou sua opinião de que a organização está “em morte cerebral”.

Depois de pedir mais dinheiro aos europeus para cobrir os investimentos militares, o bilionário que preside os EUA considerou as palavras do mandatário francês “muito desagradáveis”. Fato é que o grau de desavenças na organização subiu a um novo patamar. O tempo dirá se Macron está ou não com a razão. O fim da Otan será um alívio para a humanidade e uma oportunidade para a paz no planeta.  

Umberto Martins