O amigo da onça sugere que se tivesse agido como Bolsonaro EUA já teriam 2,5 milhões de mortos

Jair Bolsonaro disputa com o chanceler Ernesto Araújo o posto de fã número do presidente estadunidense Donald Trump. É Deus no céu e Trump na terra.

Mas o atual chefe da Casa Branca, embora compartilhe concepções reacionárias com os dois panacas brasileiros, tá mais para amigo da onça, não dá muita bola para os vassalos do Planalto que empenharam a política externa do Brasil ao império sem receber nada em troca, a não ser reiteradas humilhações públicas.

Em entrevista coletiva no jardim da Casa Branca nesta sexta-feira (5), Donald Trump disse que os EUA estariam em pior situação se não tivessem recorrido a medidas drásticas.

Ou fecha ou morre

“Fechamos nosso país. Salvamos, possivelmente, 2 milhões, 2,5 milhões de vidas. Poderia ser só um milhão de vidas, acho que não menos que isso. Mas se considerarmos que estamos em 105 mil hoje em dia, o número de vítimas seria pelo menos 10 vezes maior. É o que se acredita como mínimo se fizéssemos (imunidade de) rebanho”, comentou.

Trata-se de uma condenação velada aos que são contra o isolamento social. Mas ele não ficou só nisto. Mencionou claramente o Brasil e a Suécia sugerindo que se tivesse adotado orientação semelhante à que prevalece nos dois países (que desprezaram a necessidade de isolamento) os EUA teriam perdido (em vidas humanas) “talvez 2,5 milhões ou até mais”.

“Se você olha para o Brasil, eles estão num momento bem difícil. E, falando nisso, continuam falando da Suécia. Voltou a assombrar a Suécia. A Suécia também está passando por dificuldades terríveis. Se tivéssemos agido assim, teríamos perdido 1 milhão, 1,5 milhão, talvez 2,5 milhões ou até mais”, afirmou.

Piada perigosa

Embora tente aparentar o contrário, Trump não se comportou de forma exemplar diante da pandemia, o que explica o fato do vírus já ter matado mais de 108 mil pessoas nos EUA, país que se arvora o maioral em tudo e que de fato registra o maior número de mortos no mundo, ou seja, ainda é o campeão do coronavírus, seguido da Inglaterra e do Brasil.

Inicialmente, o líder republicano, ligado à extrema direita, minimizou a ameaça do vírus, confrontou especialistas e governadores e desprezou a necessidade de isolamento social. Agora ele está em campanha pela reeleição confrontado com pesquisas em que o povo reprova sua conduta diante da crise sanitária e também do tsunami social antirracista.

Em seus comentários desta sexta transparece o desprezo com o governo brasileiro, que de resto é hoje motivo de escárnio internacional.

O falso patriota Bolsonaro, na verdade um lambe-botas dos EUA, é mesmo uma piada de mal gosto, mas não só, é também (e simultaneamente) uma séria ameaça à democracia e à soberania nacional. Por isto, cresce e há de crescer um clamor popular: Fora Bolsonaro.

Umberto Martins