No Panamá, CTB denuncia reforma trabalhista brasileira e conclama resistência

O vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Divanilton Pereira, participa do 19º Congresso da Central Nacional dos Trabalhadores do Panamá (CNTP) que começou nesta quinta-feira (23) e ocorre até o próximo sábado.

Durante sua intervenção, o dirigente da central brasileira denunciou aos sindicalistas de todo o mundo as medidas neoliberais que o governo liderado por Michel Temer está implantando no país.

“No Brasil, a quadrilha que assaltou ilegalmente a Presidência da República impõe draconianas reformas contra o povo, a classe trabalhadora, as organizações sindicais e até mesmo a Justiça do Trabalho”, alerta o sindicalista.

Leia abaixo a íntegra de sua intervenção:

É com grande satisfação que, mais uma vez, em nome da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), eu participo de um congresso da CNTP, desta vez o XIX.

Em nome do secretário-geral, Alfredo Grael, e sua equipe eu agradeço esse honroso convite. Faço saudações também ao novo Coordenador do escritório da FSM das Américas, Ernesto Freire, como também os demais dirigentes da FSM: Ulisses Nascimento e Luis Chavarria. Através deles cumprimento toda a delegação internacional aqui presente.

Saúdo todas as delegadas e os delegados deste congresso reverenciando o maior legado político, econômico e social do século XX: o centenário da Revolução Russa. Um acontecimento que definitivamente pautou, em escala universal, os direitos sociais na humanidade contemporânea.

Um século após essa epopeia, o mundo vive os efeitos de uma das maiores crises provocada pelo capitalismo. Este, numa fase ultrafinanceirizada, inviabiliza a produção e violenta o trabalho. A consequência é uma regressão civilizacional marcada por conflitos, desemprego, a supressão de direitos e a fragilização das soberanias nacionais, sobretudo nos países periféricos.

Desse contexto emergem na política forças conservadoras e fascistas que vêm, gradativa e continuamente, acumulando forças em várias partes do mundo.

Sob a liderança do consórcio imperialista, liderado pelos EUA, os ventos reacionários e ultraliberais iniciaram na América Latina e no Caribe uma forte e articulada contraofensiva. Eles objetivam implantar um neocolonialismo, impondo à região uma condição de mera fornecedora de bens primários, instituindo assim um lugar periférico e rebaixado na nova divisão internacional do trabalho.

Tais intentos, como exemplos, ficam nítidos com o retorno do liberalismo na Argentina, o golpe político no Brasil e a permanente desestabilização contra o Governo da Venezuela. Donald Trump, fruto da perda da dinâmica produtiva americana no país, ameaça os termos do acordo das relações entre os EUA e Cuba.

No Brasil, a quadrilha que assaltou ilegalmente a Presidência da República impõe draconianas reformas contra o povo, em particular a classe trabalhadora, as organizações sindicais e até mesmo a Justiça do Trabalho.

Apesar da resistência social e política, o ilegítimo Michel Temer colocou a riqueza nacional à venda e os grandes conglomerados estrangeiros são os maiores beneficiados, em especial o petrolífero.

No que pese esse complexo estágio na luta de classe no mundo e em nossa região, a resistência deve ser o rumo. As trabalhadoras e os trabalhadores com uma visão mais abrangente, superando o corporativismo e a dispersão, criarão as novas condições para a retomada de seu protagonismo.

O lema desse congresso: “Por um desenvolvimento econômico inclusivo e com equidade” é uma expressão dessa necessária combinação.

Mãos à obra!

Vida longa à CNTP!

Muito obrigado.

Divanilton Pereira,
Vice-presidente nacional da CTB e secretário-geral adjunto da Federação Sindical Mundial (FSM)

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