Planos de desestabilização acionam alerta vermelho na Venezuela

Caracas, 9 set (Prensa Latina) A ameaça de ações desestabilizadoras projeta hoje uma nuvem preocupante sobre os preparativos das eleições regionais na Venezuela, onde quase 17 milhões de pessoas estão convocadas para as eleições de 23 de novembro.

Dirigentes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) denunciaram nas últimas horas o avanço de setores golpistas dentro da oposição diante da perda de terreno nas projeções de pesquisas de opinião e consultas.

O veterano político Luis Miquilena e o governador do estado Guárico, Eduardo Manuitt, foram assinalados pelo dirigente do PSUV William Lara como líderes dos setores que preparam ações anti-constitucionais.

O ex-vice-presidente do país José Vicente Rangel assegurou ter informação inclusive sobre a entrada de armas provenientes da Colômbia, o que motivou uma forte advertência do presidente Hugo Chávez em seu habitual programa dominical radio-televisado.

Segundo a versão de Lara, o plano conspirativo começou já com uma demonstração de agricultores em Guárico, denominada “tratorazo”, ação convocada com o pretexto de protestar contra 26 leis promulgadas por Chávez em 31 de julho passado.

Na sua opinião os conspiradores adotaram Guárico como ponto de partida “para incendiar a Venezuela” com o pretexto das leis assinadas por Chávez, que recebeu a habilitação temporária do parlamento para emitir decretos com força e categoria de lei.

Nas eleições estarão em jogo os governos de 22 estados, mais de 300 prefeituras e outros cargos de conselhos legislativos regionais para um total de 603 cargos.

As denúncias sobre tentativas subversivas crescem na medida que caem as projeções de triunfo da oposição, que em um princípio pensou em repetir a vitória de dezembro passado, quando uma reforma constitucional apresentada por Chávez foi rejeitada.

As autoridades avaliaram essa derrota como resultado de erros táticos, mas os líderes opositores estimaram que foi resultado de uma queda de popularidade de Chávez, apreciação equivocada como demonstram as consultas mais recentes.

De previsões de triunfo na maioria dos estados, os candidatos opositores mantêm hoje esperanças apenas em três ou quatro e a situação parece igualmente desfavorável no caso de prefeituras e conselhos legislativos regionais.

Ainda sem se iniciar oficialmente, a campanha está proposta outra vez em termos de plebiscito ante a proposta de Chávez de impulsionar a opção socialista e a oposição –sem propostas concretas- centrada na crítica à gestão oficial.

No entanto, é evidente a influência que terão os candidatos em cada região, para umas eleições tradicionalmente com pouca afluência de votantes, que nas últimas regionais chegou a 49,3 por cento de participação.

Em zonas de prognóstico difícil a existência de figuras capazes de atrair ao setor tradicionalmente abstencionista poderá ser decisiva, um fator no qual o PSUV também leva vantagem, ao eleger aos seus candidatos através de eleições internas do partido.

Para a oposição, pese à assinatura de pacto unitário no passado 23 de janeiro, foi difícil unificar candidatos, ainda que é provável esperar mais acordos deste tipo diante da motivação dos partidários de Chávez.

O próprio presidente venezuelano denunciou a ação da embaixada dos Estados Unidos na busca destes pactos, a partir da influência que exerce sobre a oposição à qual entrega diversos recursos financeiros.

Miguel Lozano – Prensa Latina

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.