Lula tem razão, Biden não quer saber de paz e insufla a guerra

O presidente brasileiro tem sido alvo de forte pressão por parte dos EUA e potências europeias para se alinhar à diplomacia e à geopolítica do chamado Ocidente, que tem por objetivo humilhar e enfraquecer a Rússia e conter por todos os meios o desenvolvimento e a ascensão da China.

Mas, Lula tem resistido aos cantos da sereia imperialista. Ele não vacilou em reafirmar em Tóquio, após a reunião do G7, que os EUA não querem a paz. O discurso de Joe Biden foi recheado de beligerância e arrogância, sugerindo a rendição da Rússia como condição para acabar com o confronto.

Já o comunicado do G7, um grupo de velhas potências ocidentais que têm em comum a decadência e o apego a uma ordem mundial em franca decomposição, teve por alvo principal a China e foi vigorosamente rejeitado por Pequim.

“Pedimos à China que faça pressão sobre a Rússia, para que o país coloque fim à agressão militar e retire, de forma incondicional e imediata, suas tropas da Ucrânia”, expressa o comunicado, que também menciona preocupação com direitos humanos, a situação no Mar da China e ilha de Taiwan, o que os chineses repudiaram como ingerência indevida e inaceitável em seus assuntos internos.

Apostando na guerra, que traz grandes dividendos para os oligopólios que controlam o poderoso complexo industrial militar, o governo Joe Biden está liderando uma perigosa corrida armamentista no mundo.

O gasto militar global cresceu pelo oitavo ano consecutivo em 2022, atingindo o recorde histórico de US$ 2,24 trilhões. Os EUA respondem por 39% desse total. Joe Biden elevou a US$ 858 bilhões o orçamento militar deste ano (10% superior ao do ao passado), estabelecendo um novo recorde.

A Alemanha, que com Hitler foi a principal responsável pela tragédia da Segunda Guerra Mundial, anunciou um aumento do orçamento de defesa para o equivalente a 2% do PIB, o que configura o terceiro maior orçamento militar do mundo, atrás dos EUA e da China.

Não se promove uma corrida armamentista para celebrar a paz.

Como consequência, enquanto os fantasmas da guerra fria ressuscitam, avançam a produção e os lucros dos oligopólios que dominam a indústria de armas e munições. As 10 maiores companhias do ramo cresceram 7,5% somente no último trimestre de 2022. Os valores de suas ações nas bolsas de valores dispararam.

O orçamento militar do império é uma fonte preciosa dos lucros auferidos pelas multinacionais do complexo industrial militar, uma vez que a demanda por armas e munições é suprida por elas. Conforme denunciam críticos do governo, as despesas bélicas impõem uma redistribuição maciça de riqueza dos cofres públicos para os bolsos de empresas militares privadas que exploram a indústria da morte.

Ao lado dos poderosos interesses privados, os imperialistas de Washington estão obcecados pelo objetivo de enfraquecer a Rússia ao mesmo tempo em que redobram as provocações contra a China.

Biden não quer a paz. Suas atitudes, como o discurso que proferiu em Tóquio, são próprias de um senhor da guerra, um semeador de conflitos.

O que está em curso no leste europeu é uma guerra por procuração em que os EUA usam o povo e as Forças Armadas da Ucrânia como bucha de canhão para encurralar, enfraquecer e retalhar a Rússia, que reage ao cerco militar progressivo da Otan, iniciado após a dissolução da URSS.