Guaidó terá de prestar contas à Justiça se deseja voltar à Venezuela, avisa Maduro

Golpista orientado pelos EUA proclamou um governo paralelo e não respeita as leis do país

Em entrevista à TV americana ABC, o presidente da Venezuela Nicolás Maduro mandou um recado ao golpista Juan Guaidó, que por ordem do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, se autoproclamou presidente em aberto desafio ao chefe do Executivo e à Corte Suprema.

Quando questionado se permitiria a volta de Guaidó ao país, Maduro disse: “Ele pode sair e voltar, mas terá que dar explicações à Justiça, porque foi proibido de deixar o país. Ele tem que respeitar as leis.”

Guaidó foi proibido de deixar o país e teve contas bloqueadas pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que é alinhado a Maduro. Em janeiro, ele chegou a ser detido por agentes do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional) por cerca de uma hora.

Apelo à traição

O golpista cruzou as fronteiras do país, afrontando o Poder Judiciário, e se encontra na Colômbia, onde se reuniu com o vice-pesidente estadunidense, Mike Pence, e participou da grotesca novela da “ajuda humanitária”, apelando a comandantes e oficiais das Forças Armadas Bolivarianas para que traíssem o presidente e se bandeassem para o lado dos EUA. Acabou dando com os burros n´água.

Maduro acusa Guaidó de tentar estabelecer um governo paralelo durante a reunião do Grupo de Lima, que foi realizada em Bogotá na segunda-feira (25) para tratar da crise no país sul-americano.

O Grupo de Lima é formado por 14 países das Américas. A maioria, governada por direitistas neoliberais submissos aos ditames de Washinton, reconhece Guaidó que se autoproclamou presidente interino da Venezuela. O México integra o fórum, porém não o reconhece, pois tem hoje um governo progressista.

O líder golpista está em território colombiano desde sexta-feira (22). Guaidó compareceu ao Venezuela Aid Live, festival bancado por um bilionário norte-americano e realizado na fronteira com a Colômbia como parte das chantagens embutidas na ajuda humanitária, cujo objetivo frustrado era esvaziar o governo Maduro e viabilizar a transferência de poder para Guaidó.

Pau mandado dos EUA

No dia seguinte, ele liderou a tentativa frustrada de envio do Cavalo de Troia disfarçado de ajuda humanitária para a Venezuela. A iniciativa golpista morreu nas fronteiras do país com a Colômbia e o Brasil. Na segunda-feira (25), Guaidó participou da reunião do Grupo de Lima e disse que voltaria à Venezuela ainda nesta semana.

Mas agora terá que prestar contas à Justiça, pois conspira abertamente com autoridades estadunidenses, como ninguém menos que o vice Mike Pence, contra o governo de Nicolás Maduro, que conta com a lealdade e o firme apoio das Forças Armadas Bolivarianas, da Corte Suprema e da população mais pobre.

Guaidó não passa de um pau mandado de Donald Trump e Mike Pence, um capacho que chegou ao ponto de defender a intervenção militar do imperialismo no próprio país, o que pode ser muito bem interpretado como crime de lesa-pátria, de traição.

Direito à paz

Na mesma entrevista, Maduro insistiu que os EUA realizam um plano para “fabricar uma crise” na Venezuela, o que justificaria uma intervenção não apenas em seu país, mas em toda a América do Sul. Segundo ele, “tudo o que o governo dos Estados Unidos fez foi condenado ao fracasso”.

“A Venezuela tem o direito à paz, tem instituições legítimas. Eu (…) estou preparado para um diálogo direto com o seu governo. Somos sul-americanos, temos que buscar soluções do século 21, não para a Guerra Fria. A Guerra Fria deve ser deixada para trás”, disse ele, num recado ao presidente dos EUA, Donald Trump.

Ele insistiu que Trump se tornou presidente graças ao “caminho fraturado” deixado por seu antecessor, Barack Obama, e reiterou sua disposição em dialogar com o republicano para ter relações respeitosas.

Maduro disse que não teme o presidente norte-americano, mas se preocupa com quem está ao seu redor, como o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, o assessor de segurança, John Bolton, o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o encarregado das relações com a Venezuela, Elliott Abrams.

“Eu acho que essas pessoas que cercam o presidente Trump são ruins. E acho que, em certo momento, o presidente Trump terá que dizer ‘temos que ver o que acontece com a Venezuela e mudar nossa política'”, disse ele.

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