Funcionárias da BBC denunciam discriminação salarial

As funcionárias da BBC denunciaram a uma comissão parlamentar britânica que seus chefes violaram a legislação de igualdade salarial ao pagar menos a elas do que aos seus colegas masculinos, além de ocultarem esse fato

Um grupo de 170 trabalhadoras da emissora pública se uniu para exigir um pedido de desculpas, compensações econômicas e ajuste em seus planos de pensões, mas os diretores da BBC negam existir qualquer distorção salarial por razões de gênero.

O lobby das jornalistas acompanhou sua queixa por escrito com 15 exemplos que ilustram as diferenças salariais entre homens e mulheres que realizam exatamente o mesmo trabalho para a corporação. O documento alega ainda que algumas funcionárias receberam ameaças por reivindicar uma remuneração igualitária.

Uma apresentadora de rádio que pediu anonimato afirmou, por exemplo, que um dos chefes do seu serviço admitiu a ela que a BBC não pratica a igualdade salarial, mas a chamou de “agressiva” por apresentar essa reivindicação trabalhista. Já Eleanor Bradford, repórter de saúde da BBC na Escócia, fez questão de que seu nome completo figurasse na denúncia, em que alega só ter conseguido um aumento salarial depois que esgrimiu as leis de igualdade entre os gêneros. E ainda assim sua remuneração continuou bem abaixo das de outros colegas homens encarregados de tarefas semelhantes à sua.

A apresentação do caso à comissão parlamentar de Cultura, Meios de Comunicação e Esportes coincidiu com a divulgação, nesta terça-feira, de um relatório interno da BBC sobre os salários de seus apresentadores e repórteres. O documento, produzido pela consultora PwC, detectou “anomalias” e “falta de clareza e de abertura” no processo decisório, mas não encontrou provas que confirmem uma distorção da política salarial por razões de gênero. Ou seja, conclui que a disparidade denunciada pelas mulheres da BBC não é estrutural e, portanto, que a entidade não teria violado a legislação vigente.

O coletivo de trabalhadoras da BBC criticou as conclusões do relatório, da qual elas dizem ter sido excluídas, e continua pressionando a corporação para que formule um pedido público de desculpas e aceite uma arbitragem independente para mediar a atual onda de casos individuais sobre discrepâncias salariais.

O debate motivado pela sucessão de escândalos a respeito das manifestações do sexismo na vida pública britânica alcançou um de seus pontos máximos há cerca de um mês, com a demissão de uma das jornalistas mais veteranas e prestigiosas da BBC, a correspondente na China Carrie Grace, depois de constatar que seus colegas homens em cargos equiparáveis ganhavam bem mais do que ela. Por causa disso, seis dos principais apresentadores de notícias da emissora concordaram dias atrás em reduzir seus vultosos salários, como gesto de solidariedade.

Fonte: El País. Foto: Reuters

 

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