Foro de São Paulo destaca vigor da esquerda latino-americana

"A divisão é nosso calcanhar de Aquiles", disse durante seu discurso o responsável de Relações Internacionais do Partido Comunista de Cuba, Fernando Ramírez.

A "agressão e violação da soberania equatoriana" por parte do Exército da Colômbia, a "ameaça de fragmentação territorial" na Bolívia e a situação de "ocupação colonial" na qual vive Porto Rico são alguns dos conflitos da região que para Ramírez exigem a solidariedade de todos os partidos de esquerda.

O secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, afirmou que os adversários ideológicos e políticos tentarão desintegrar a esquerda da América Latina, porque conhecem a "força do momento" atual, com vários desses partidos à frente de governos.

Para o presidente do Pólo Democrático Alternativo da Colômbia, Carlos Gaviria, existem atualmente dois fenômenos "correlativos e contraditórios" no continente americano, com "o império mais poderoso", representado pelos Estados Unidos, e a "vocação libertária, soberana e independentista dos países latino-americanos".

A defesa do meio ambiente, as questões de gênero e a luta contra a discriminação são algumas das novas bandeiras do encontro.

Belela Herrera, encarregada de Relações Internacionais da coalizão Frente Ampla, no poder no Uruguai, declarou que assuntos como ecologia, exclusão, racismo e xenofobia se somaram como "novos desafios inseparáveis" aos ideais tradicionalmente defendidos pelas organizações que integram o Foro de São Paulo.

"As grandes bandeiras da esquerda", como liberdade, justiça social, democracia e direitos humanos permanecem sendo "o norte" que marca o caminho dos partidos reunidos no Foro, acrescentou Herrera, que ocupou o cargo de vice-chanceler do Uruguai até o dia 1º de março.

Sob o lema "Unidade. Diversidade. Integração", serão realizadas sessões plenárias no sábado e no domingo, quando abordarão os pontos de vista sobre a chegada da esquerda ao poder, será feito um balanço político da situação latino-americana atual, serão analisados os processos de integração em andamento e diversos assuntos sociais.

"Compartilhamos metas, objetivos, propósitos, sonhos e utopias", disse o secretário de Relações Internacionais do Partido da Revolução Democrática (PRD) do México, Saúl Escobar, para quem a esquerda da América Latina e do Caribe "não só permanece viva, mas continua crescendo e se fortalecendo".

Para Escobar, a iniciativa do Foro é "inédita no mundo, pela diversidade cultural, de trajetórias e de experiências que representam os diferentes partidos políticos que o integra".

Escobar antecipou que a próxima reunião do Foro de São Paulo será realizada no México, uma responsabilidade que, segundo disse, seu partido assume com "alegria", sem dar mais detalhes sobre esse encontro.

Na capital uruguaia, o Foro fará homenagens ao ex-presidente chileno Salvador Allende (1908-1973) por causa do centenário de seu nascimento, e ao guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara (1928-1967), que este ano realizaria seu 80º aniversário.

Estarão presentes no encontro na capital uruguaia cerca de 200 delegados de toda a América Latina e do Caribe, assim como observadores de Alemanha, Bélgica, China, Itália, Japão, Portugal e Vietnã.

Hoje, chegou o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que além de participar do Foro se reunirá com o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, e voltará a seu país na próxima segunda-feira.

O Foro de São Paulo, criado em 1990 na cidade de mesmo nome por 48 partidos e movimentos sociais para discutir os rumos da esquerda após a queda do Muro de Berlin, e formular alternativas aos governos neoliberais da época na América Latina, é composto agora por cerca de 70 organizações políticas e sociais da região.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.