Essa foi a afirmação unânime das mulheres que participaram, nesta quinta-feira (01), do 2º Encontro de Mulheres do 19ª Foro de São Paulo, que debateu a crise do capitalismo, as históricas desigualdades de gênero e caminhos rumo à efetiva participação feminina na política na América Latina.
Realizado na capital paulista (entre os dias 31 de julho e 04 de agosto), o encontro reuniu nesta quinta-feira lideranças políticas, militantes, sindicalistas, e representantes dos movimentos sociais do Brasil, de Cuba, do México, da Nicarágua, do Paraguai, entre outros, que relataram seus enfrentamentos pelo mundo motivando a plenária e demostrando que com unidade e muita mobilização é possível avançar na questão de gênero.
“Defender a participação política das mulheres significa aprofundar a democracia. Essa luta não é somente do México, mas de todas as nações no mundo”, defendeu a mexicana Mônica Soto, representante do Partido da Revolução Democrática (PRD).
Troca de experiências
Para Raimunda Gomes, secretária das Mulheres Trabalhadoras da CTB, o encontro é uma oportunidade impar, pois traz perspectivas não só de discutir as políticas públicas para mulheres, como colocá-las no centro do debate.
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“Esse encontro, que reúne essa diversidade de países, é um espaço extremamente importante para o debate das políticas públicas, análise da crise e de como as mulheres podem enfrentar, não só os impactos da crise, como também os problemas sociais e aqueles colocados tanto na questão do trabalho, quanto das políticas públicas”, destacou Raimunda Gomes, que lembra que apesar do Brasil ser comandado por uma mulher, as desigualdades entre homens e mulheres persistem, inclusive na política espaços de poder. “Ainda somos minoria no Congresso Nacional, realidade que pode ser mudada coma conscientização da relevância da participação política feminina”.
Atualmente a bancada feminina na Câmara representa apenas 8,77% do total da Casa, com 45 deputadas. No Senado, há 02 senadoras, entre os 81 lugares. Comparado com outros países o Brasil ocupa o 142º lugar.
A importância da luta da mulher para a ocupação dos espaços na política pelas mulheres foi reforçada pelas participantes que relataram experiências vivenciadas nos diversos países representados, rumo à igualdade de direitos. “Diante dos relatos percebemos que as mulheres precisam se apropriar das informações para promover esse debate. Porque a crise nos atinge duplamente, tanto fecha postos de trabalho, como retira a possibilidade de conquistarmos direitos sociais”, afirmou a secretária da Mulher da CTB.
Para Liège Rocha, secretária da Mulher do PCdoB, a realização do Fórum se converte em um momento importante de articulação política e integração, pois se configura numa oportunidade de troca de experiências que é de suma importância para o fluxo do debate político.
Em relação à realização do 2º Encontro de Mulheres, a dirigente comunista destacou ele possibilitou a troca de experiências entre mulheres de diversas regiões. “Essa troca apresentou realidades e demonstrou que na essência lutamos por questões muito similares”, declarou a secretária da Mulher do PCdoB.
Dados econômicos
De “olho” nos números expostos pela economista Ildete Ferreira, a professora Marilene Betros, secretária da Mulher da CTB Bahia e dirigente nacional, analisou a urgência das mulheres utilizarem os índices econômicos para debater o empoderamento feminino.
“Comprovamos como que, a partir dos índices econômicos apresentados teremos para que possamos discutir o papel da mulher no processo e no desenvolvimento econômico. Porque apesar da mulher ter alcançado uma posição melhor no contexto social, não só no Brasil como também nos países representados no Foro, precisamos reunir dados para contrapor uma politica excludente”, garantiu Marilene Betros.
A dirigente conclui que “nem sempre o avanço econômico de um país se constitui em desenvolvimento social ou se transforma em politicas positivas para minorias, dentre elas as mulheres”.
Realidade possível
No entanto, apesar do longo caminho a se percorrer, Ivania Pereira, secretária de Comunicação da CTB Sergipe e do Sindicato dos Bancários, acredita que a efetiva inclusão, com igualdade e empoderamento feminino é possível.
“O encontro e todo o Foro reafirma a atualidade do projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho defendido pela CTB. Mostra que nos estamos no rumo certo e a integração da América Latina é uma possibilidade real de nós conquistarmos com a maior celeridade a emancipação de nosso povo”, afirmou.
Para a dirigente as experiências relatadas revelaram que existem políticas avançadas sociais e econômicas, de garantias de direitos e de igualdades em cada país. Diferentes países com diferentes políticas. “Acredito que podemos dar um passo em relação a essa integração com a execução dessas políticas existentes em cada um desses países membros do Foro para começarmos a fazer essa integração”, ressaltou a sindicalista.
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Segundo ela, “a luta das mulheres não deve ser vista como uma burocracia, mas como um passo na longa jornada de desenvolvimento. A América Latina fez uma opção de projeto, e foi pelo povo, por um governo que defendesse a soberania, por direitos, por desenvolvimento. Mas, deixemos claro que sem soberania, não há desenvolvimento, e sem desenvolvimento não avançaremos em nossas lutas”, finalizou Ivânia.
Para a mexicana Mônica Soto o Encontro configurou-se num espaço fundamental de avaliação da realidade da América Latina. “Trocamos experiências e avançamos não só na luta das mulheres, como também dos movimentos sociais. Nesse sentido, derrotar o neoliberalismo e lutar pelo avanço das propostas progressistas e populares é fundamental. Além disso, é preciso fortalecer os governos de esquerda comprometidos com essa luta”.
Cinthia Ribas – Portal CTB