Estudo mostra diminuição de imigrantes ilegais nos EUA

O número de imigrantes ilegais nos Estados Unidos, após atingir um pico de 12 milhões em 2007, caiu para cerca de 11,1 milhões em 2009, o primeiro declínio claro em duas décadas, segundo um relatório publicado na quarta-feira pelo Centro Hispânico Pew.

A redução ocorreu principalmente por causa da diminuição de imigrantes ilegais de países latino-americanos fora o México, apontou o relatório. O número de mexicanos vivendo nos Estados Unidos sem status de imigração não mudou significativamente de 2007 a 2009. Cerca de 7 milhões de mexicanos correspondem a cerca de 60% de todos os imigrantes ilegais, ainda de forma disparada o maior grupo nacional, disse o Centro Pew.

O relatório se baseia nos dados do censo de março de 2009, a amostragem mais recente do censo que é detalhada o suficiente para os demógrafos do Pew estimarem a população estatisticamente esquiva de imigrantes ilegais. Os números mostram que mais de um ano de recessão na economia americana, somada à intensificação da fiscalização de imigração na fronteira sudoeste e nos locais de trabalho por todo o país, provocaram uma redução de pelo menos 900 mil imigrantes ilegais.

Mas o número que pode ser mais preocupante para todos os lados de debate cada vez mais contencioso da imigração é a estimativa de que mais de 11 milhões de imigrantes ilegais permaneçam aqui. O relatório Pew mostra que apesar das muitas pressões, não ocorreu um êxodo em massa desses imigrantes para seus países de origem, especialmente não para o México.

O relatório confirma, entretanto, os resultados anteriores de demógrafos americanos e mexicanos de que o fluxo de mexicanos entrando ilegalmente nos Estados Unidos à procura de trabalho diminuiu acentuadamente.

Apesar do debate mais acalorado da imigração ter transcorrido no Arizona nos últimos dois anos, ele não foi o Estado com maior declínio de imigrantes ilegais de 2007 a 2009, segundo o relatório Pew.

Flórida, Virgínia e Nevada mostraram os declínios mais acentuados – três estados que viram booms seguidos por estouros de bolha no setor de construção de imóveis residenciais, um setor que atrai operários imigrantes ilegais.

O Centro Hispânico Pew é uma organização de pesquisa sem fins lucrativos, em Washington, que não defende posições políticas a respeito da imigração. O relatório foi redigido por Jeffrey S. Passel, o demógrafo sênior, e D’Vera Cohn, a redatora sênior do centro. Ele não tenta pesar os papéis respectivos da fiscalização da imigração e os fatores econômicos como o alto desemprego na queda do número de imigrantes não autorizados – o termo que o relatório utiliza para os moradores nascidos no exterior que não possuem alguma forma de status legal de imigração.

O relatório Pew cobre o primeiro ano e meio da recessão, que os economistas dizem ter começado no final de 2007. Ele também cobre um período de intensificação das operações de combate à imigração ilegal, que foram iniciadas pelo governo Bush e prosseguiram, com algumas táticas diferentes, sob o presidente Barack Obama.

Outros pesquisadores disseram que os números do Pew a respeito dos imigrantes ilegais eram consistentes com as estimativas do Departamento de Segurança Interna, que relatou anteriormente as tendências nos dados do censo, e com os números do órgão de censo mexicano. Pia M. Orrenius, uma economista sênior do Federal Reserve Bank de Dallas, disse que os dados do censo mexicano mostram um declínio de 67% no fluxo de saída de emigrantes de 2006 a 2009, apesar de não mostrarem um grande aumento de mexicanos voltando para casa.

“Eles estão estabelecidos aqui”, disse Orrenius. “Será preciso mais do que um ciclo de negócios para fazê-los voltar ao México.”

Ela também disse que a fiscalização federal está concentrada na fronteira. “Nossas políticas de fiscalização estão voltadas para impedir os fluxos de entrada”, disse Orrenius.

À medida que fica mais difícil atravessar a fronteira, o custo de contratar contrabandistas aumentou nos últimos anos, apesar de bem menos empregos aguardarem os imigrantes nos Estados Unidos. Passel, o demógrafo do Pew, disse: “O custo de entrar, em comparação ao retorno do emprego, está mudando a decisão de muitos migrantes potenciais”.

A população de imigrantes ilegais, após crescer rapidamente por anos, caiu para os níveis de 2005, segundo o relatório do Pew. Em 2000, havia 8,4 milhões de imigrantes ilegais no país. Em 2009, cerca de 28% das 39,4 milhões de pessoas nascidas no exterior nos Estados Unidos eram imigrantes ilegais segundo o relatório do Pew; os demais eram imigrantes legais e cidadãos naturalizados. Cerca de três quartos dos imigrantes ilegais são latinos, apontou o Pew.

O relatório do Pew não explica por que o número de imigrantes da América do Sul, Central e Caribe caiu mais fortemente, mas aponta que os imigrantes que estão retornando para esses países “pode ter aumentado”.

Os demógrafos disseram que esses imigrantes apresentam maior probabilidade de ser a primeira geração, com menos dinheiro, menor rede de apoio neste país e bem menos experientes do que os mexicanos com a travessia ilegal da fronteira, cada vez mais perigosa.

A passagem pelo México também se tornou muito perigosa. No mês passado, os corpos de 72 emigrantes foram descobertos em Tamaulipas, no norte do México, e as autoridades mexicanas disseram que eles foram mortos por traficantes de drogas.

Fonte: NY Times

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.