Dois milhões de trabalhadores vão às ruas na Espanha contra reformas

Por volta de 2 milhões de espanhóis foram às ruas neste domingo (19) , em 57 cidades, numa demonstração de força contra a retirada de direitos trabalhistas e sociais imposta pelo governo de direita do Partido Popular (PP). A grande manifestação, convocada por sindicatos e centrais sindicais, pode ser o primeiro passo de uma greve geral.

Os sindicalistas calcularam que cerca de 500 mil pessoas estiveram presentes à Puerta Del Sol, em Madri, ao passo que 400 mil foram às ruas em Barcelona, 150 mil em Valência e 35 mil em Alicante. Na Andaluzia, as centrais calculam que 100 mil pessoas foram às manifestações, 30 mil na capital, Málaga, e 20 mil em Sevilha.

As manifestações chegaram aos pontos mais longínquos da Espanha, como as Ilhas Canárias (na costa africana do Atlântico), Ceuta (que fica no Marrocos, mas pertence à Espanha) e nas Ilhas Baleares, no Mediterrâneo, onde a manifestação ocorre na famosa praia de Ibiza. Em todas elas, o lema foi  “Não à reforma trabalhista, injusta com os trabalhadores, ineficaz para a economia e inútil para o emprego”. Novas manifestações estão marcadas em todo o país para o dia 29 de fevereiro.

Segundo informação de agências de notícias, o  estado de ânimo nas manifestações era de determinação e raiva. Houve muitos lemas exigindo a convocação de uma greve geral. Os ativistas e militantes sindicais presentes puderam sentir a força do movimento sindical e da classe trabalhadora como um todo quando ela começa a se mover.

É importante ressaltar que estas manifestações foram convocadas com poucos dias de antecedência, coincidindo com o domingo de carnaval, e que elas foram convocadas contra  governo do PP que está no cargo a menos de dois meses e que tem maioria completa no Parlamento. Nenhum destes fatores enfraqueceu o que foi a maior demonstração sindical dos últimos anos.

As demonstrações de domingo, 19 de fevereiro, foram antecipadas por assembleias regionais lotadas dos delegados sindicais. Em Madri, 2,5 mil representantes sindicais encheram uma reunião conjunta de delegados sindicais de CCOO e UGT, com mais de mil deles enchendo as ruas do lado de fora por não poderem entrar. Em Valencia, por exemplo, 2,8 mil delegados sindicais lotaram uma reunião regional para preparar as mobilizações.

O decreto-lei que instituiu a reforma trabalhista no domingo passado foi festejado por empresários. A principal mudança instituída pelo decreto foi facilitar radicalmente a demissão de empregados. As empresas que tiverem três semestres consecutivos com queda de receita poderão demitir seus funcionários pagando apenas 20 dias de indenização por ano trabalhado. Sem este requisito de queda nas receitas, as empresas poderão pagar 33 dias de indenização. Anteriormente, todas deviam pagar indenização de 45 dias por ano trabalhado. A lei também valerá para empresas públicas, que poderão demitir com pagamento de 20 dias de indenização se houve “insuficiência orçamentária” durante três semestres.

Foi fixado também um limite de dois anos de validade para acordos coletivos entre empregados e empregadores. Além disto, será mais simples demitir trabalhadores por faltas. Até mesmo faltas por doença ou acidente poderão entrar no cálculo que permite ao empregador demitir o funcionário por ausências no trabalho. Os Empresários admitem que o efeito imediato deve ser uma onda de demissões.

Portal CTB com agências

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