Nesta terça e quarta-feira (11 e 12) a União Internacional dos Sindicatos (UIS) dos trabalhadores da Energia e Química realiza seu congresso na Índia. O vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e secretário-geral adjunto da Federação Sindical Mundial, Divanilton Pereira, participa do encontro que reúne mais de 150 delegados e delegadas de todo o mundo. Em sua intervenção, realizada ontem, o dirigente destaca as eleições no Brasil e a luta em defesa dos direitos trabalhistas.
Confira abaixo a íntegra do seu discurso:
Em nome da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), transmito-lhes a honra de participar deste importante congresso e agradeço o convite à FSM, através de seu secretário-geral, George Mavrikos, à UIS Química-Energia através de seu vice-presidente Prasanta Nandi e ao Coordenador Internacional da UIS e secretário-geral adjunto da FSM, camarada Dev Roye. Saúdo também a capital Trivandrum e o Estado de Kerala, em nome do legado da centenária Revolução Russa.
Passado um século desse acontecimento, este congresso ocorre num momento em que o capitalismo, mais uma vez, provoca uma de suas maiores crises. Numa fase de ultrafinanceirização, ele fragiliza a produção e violenta o trabalho. A resultante é uma regressão civilizacional marcada por conflitos, expulsão de povos de suas nações, pelo desemprego, a supressão de direitos e ataques às soberanias nacionais, sobretudo, contra os países dependentes.
No que pese estarmos numa transição à multipolaridade geopolítica, na qual a China exerce um importante papel, ainda não se criou uma correlação de forças em escala global capaz de estabelecer uma nova ordem que valorize o trabalho.
A América Latina enfrenta novos ataques do império estadunidense que objetiva reposicionar a região sob seu domínio e como mera fornecedora de bens primários, tornando-a com um papel periférico dentro da nova divisão internacional do trabalho. As reservas de petróleo e gás continuam sendo seus alvos prediletos.
Neste contexto, dois anos após o golpe que afastou Dilma Rousseff da Presidência da República do Brasil, teremos eleições gerais no próximo dia 07 de outubro.
As pesquisas eleitorais indicam a preferência do povo pelo retorno de Lula à Presidência da República. Entretanto, para impedir isso, as forças golpistas prenderam o ex-presidente e de tudo fazem para não o permitir como candidato. A disputa jurídica – a qual não temos nenhuma ilusão – e política continuam e nesta semana teremos o desfecho deste conflito.
Esse conjunto de disputas e conflitos regionais, para além de suas particularidades, resultam do desenvolvimento desigual das nações. E dentro da maioria desses processos a cadeia produtiva química-energética está nos centros destas disputas.
Portanto, a luta pela soberania química-energética é parte estratégica para os predomínios geopolíticos. O consórcio imperialista, apoiado em grandes conglomerados multinacionais, em particular o petrolífero, de tudo faz, inclusive guerras, para garantir essa riqueza sob sua influência política, econômica e militar.
A concepção sindical classista da FSM reafirma que essas riquezas não devem ser expropriadas para interesses mercantilistas regidos pelo lucro fácil e privado. Os Estados Nacionais, com formas soberanas, devem controlá-la, desenvolvê-la e distribui-la com o fim de atender os interesses populares, por isso lutamos contra as suas privatizações. A plataforma de ação da UIS apresentada neste congresso destaca esta compreensão.
Esse contexto geopolítico adverso e o predomínio dos valores político-econômicos liberais estão possibilitando mudanças estruturais no mundo trabalho.
A combinação da implementação da indústria 4.0 e de outras inovações, da terceirização desenfreada e dos ataques às contratações coletivas, com as medidas diretas contra as organizações sindicais, gera uma tempestade perfeita para os interesses do capital. Não à toa o desemprego e as crises migratórias são os grandes dramas da atualidade.
A base trabalhadora da UIS Química-energia está também submetida a essas pressões, as exposições de sua vida, saúde e de sua segurança nos insalubres e periculosos locais de trabalho. Outra de caráter subjetivo, a de seu pertencimento de classe, também se sofistica. Uma disputa que tem relação direta com o nível de sua sindicalização e participação nas agendas sindicais.
Portanto, o sindicalismo classista, que representa o ramo químico-energético, está desafiado a continuar lutando por sua libertação enquanto classe, mas também intensificar maiores e melhores aproximações com os seus problemas objetivos e cotidianos.Tenho convicção que este congresso reforçará essa necessidade.
Viva a UIS Química-Energia!
Viva a FSM!
Muito Obrigado.
Divanilton Pereira é petroleiro, vice-presidente nacional da CTB e secretário-geral adjunto da Federação Sindical Mundial.