CTB participa de reunião do 6º Conselho Presidencial da FSM

O secretário adjunto de Relações Internacionais da CTB, João Batista Lemos, participou, entre os dias 9 e 10 de fevereiro, em Johanesburgo (África do Sul), da reunião do 6º Conselho Presidencial da Federação Sindical Mundial (FSM).

Batista, que também é vice-presidente da FSM, disse que a reunião foi bastante concorrida, pois conseguiu reunir quase a totalidade do Conselho Presidencial da entidade. Os trabalhos foram conduzidos pelo secretário-geral George Mavrikos e pelas mesas coordenadoras compostas por dirigentes dos cinco continentes, que se revezaram nos dois dias de reunião. Mavrikos passou uma série de informes, fez uma atualização pormenorizada da crise internacional e propôs um plano de ação para os próximos meses, assim como uma agenda de mobilização, que foi aprovada no fim dos trabalhos por unanimidade.

Foi a primeira grande reunião de dirigentes da FSM desde a realização de seu 16º Congresso, em Atenas (Grécia), em abril de 2011. Toda a estrutura para o encontro foi organizada pelas quatro federações nacionais, organizadas em torno dos trabalhadores metalúrgicos, de energia, segurança pública e serviços públicos, filiadas a Confederação Sindical Sul-Africana (Cosatu) “A acolhida que recebemos foi bastante calorosa por parte dos companheiros sul-africanos”, o que mereceu o agradecimento de todos que fizeram uso da palavra, afirmou Batista.

A abertura dos trabalhos contou com um depoimento gravado, exibido em vídeo, do presidente do país, Jacob Zuma, que saudou a todos os participantes da reunião. Os dirigentes também puderam contar com a presença do secretário-geral do Partido Comunista da África do Sul e ministro da Educação, Blade Nzimande, que ressaltou a importância da FSM no cenário internacional e realizou uma exposição da crise internacional a partir da realidade de seu país e do continente africano.

Plano de Ação

Entre as várias iniciativas tratadas ao longo da reunião, o Conselho Presidencial da FSM definiu que três de suas Uniões Internacionais Sindicais (UIS) deverão realizar seus congressos: Energia, Educação e Transporte. Definiu-se também a data do Dia Internacional de Ação para 2012: 3 de outubro.

A reunião deixou evidente também que a expressão da solidariedade internacionalista é mais necessária do que nunca, no atual cenário. Nesse sentido, o Plano de Ação para 2012 destaca o desemprego como mal a ser enfrentado por cada entidade filiada à FSM.

“A tarefa imediata dos sindicatos é apoiar os trabalhadores desempregados para sua sobrevivência, assegurando de que possuem comida, eletricidade, remédios, água potável e que contam com o apoio econômico e social do governo e das instituições públicas”, afirmou Mavrikos, em sua intervenção.

Outro ponto de destaque é o papel que a FSM pode desempenhar junto aos companheiros africanos. Mavrikos destacou que a entidade continuará realizando “iniciativas concretas para o fortalecimento dos sindicatos na África, para o fortalecimento de sua orientação de classe”.

O dirigente destacou também a importância, em nível internacional, de se promover a formação e a educação dos quadros ligados a cada entidade. Mavrikos destacou que muitos sindicatos possuem escolas e institutos próprios, mas disse entender que é necessária uma maior integração. “O que precisamos é a cooperação entre esses institutos. Necessitamos de professores, especialistas e pesquisadores que possam viajar e organizar esses seminários”, destacou.

Cenário de luta

Para Batista, as discussões com os dirigentes de todos os cantos do planeta serviram para ratificar a posição da FSM em nível internacional, diferenciando-a por completo das ações da Confederação Sindical Internacional (CSI). “Isso é muito claro. Enquanto nós, da FSM, em nosso Congresso chamamos para o plenário representantes de entidades como a CTC de Cuba, os trabalhadores indianos e companheiros sindicalistas da Nicarágua, da Republicas Bolivariana da Venezuela , da Palestina, a  CSI abriu espaço para “Banco Mundial e o FMI” para a abertura de seu ultimo Congresso, relembrou.

O dirigente da CTB entende que é necessário diferenciar com clareza o papel das duas entidades. “A CSI trabalha dentro da lógica do capitalismo. A saída da crise para o capital está sendo por meio das guerras e do desmantelamento do estado de bem-estar social na Europa com o desemprego e a depreciação do trabalho. Isso por si só põe por terra os fundamentos do neoliberalismo e da social-democracia”, defendeu Batista em sua intervenção, para arrematar: “A saída para os trabalhadores definitiva: a solução não se encontra no capitalismo, e sim no socialismo”.

Por outro lado, Batista entende que a atual crise é bastante pedagógica. “A despeito das terríveis mazelas enfrentadas pelos trabalhadores, ela nos serve para derrubar os argumentos favoráveis às políticas neoliberais e a defesa da social-democracia ou terceira via e, do pensamento único do deus mercado, argumenta o dirigente.

Seminário

Após a realização da reunião do Conselho Presidencial, os dirigentes da FSM participaram de um Seminário Internacional, com a presença de dezenas de sindicalistas sul-africanos. Durante o evento, foi anunciada a filiação das quatro federações nacionais (trabalhadores metalúrgicos, de energia, segurança pública e serviços públicos) que compõem a Cosatu. Houve também a sinalização de que a própria Cosatu deve abrir o debate sobre a possível desfiliação da CSI em seu próximo Congresso, marcado para o mês de setembro deste ano.

“O Seminário sem dúvida foi muito rico. Sentimos de perto a combatividade da classe trabalhadora sul-africana. Como dizem “entendemos que na África do Sul o povo já tem o poder político, conquistado com muita luta, mas ainda não possui o poder econômico” Na condição de dirigentes da FSM, nos colocamos como instrumentos para essa transformação, ao lado não somente dos sul-africanos, mas de todo o povo da África”, afirmou Batista, destacando as “belas e combativas intervenções classistas proferidas pelos dirigentes sul-africanos, permeadas de muitos cantos e danças, como o samba e o axé de nossa negritude”.

Portal CTB

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