Crise nos EUA contribuiu para aumentar o racismo, diz filha de Luther King

A crise econômica e o colapso da bolha imobiliária contribuíram para aumentar o racismo nos Estados Unidos. Essa é a opinião da filha do ativista político norte-americano Martin Luther King Jr., Bernice Albertine King, que participou nesta terça-feira (20), na Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, das celebrações do Dia da Consciência Negra.

Segundo Bernice, a crise atingiu principalmente as comunidades mais pobres de seu país e as famílias negras que se viram impossibilitadas de arcar com as hipotecas, que, mesmo após terem passado por um período de prosperidade, voltaram a ser discriminadas. “Por essa razão dou um conselho a vocês: quando a oportunidade vier para aumentar o poderio econômico, sempre mantenham um alto padrão de disciplina, porque sempre haverá forças que tentarão minar o progresso de vocês, mantenham-se vigilantes, sábios e disciplinados”. Filha caçula do ativista norte-americano, Bernice também é advogada, palestrante e pastora.

Bernice também criticou o sistema de educação pública dos Estados Unidos, que continua, em sua opinião, muito segregacionista. Ela ainda demonstrou preocupação especial com a educação destinada aos jovens negros do sexo masculino, que constituem a maior parcela da população carcerária dos Estados Unidos.

Em vez de fazer um discurso, como estava previsto, Bernice preferiu responder às perguntas de estudantes brasileiros, incentivando a juventude a se inspirar no legado de seu pai, lembrando que ele começou a militar pelos direitos da comunidade negra quando tinha apenas 26 anos.

“O sonho de meu pai ainda não foi alcançado. Mas é óbvio que minha presença aqui significa que estamos no caminho certo. Sonhos se tornam realidade, mas desafio todos vocês também a fazer como [o pacifista Mahatma] Gandhi [cujo ativismo teve grande influência em Martin Luther King] , para que vocês se tornem parte das mudanças pelas quais vocês lutam”.

Ao fim do encontro, Bernice convidou todos os presentes a viajarem para Atlanta em 2013, para as comemorações dos 50 anos do famoso discurso de seu pai, “I Have a Dream” (Eu tenho um Sonho), realizado em Washington.

Histórico

Luther King tornou-se ícone do movimento pela igualdade racial no século XX, quando liderou o movimento dos direitos civis dos negros nos EUA através de vias pacíficas. Em 1955, organizou o boicote aos ônibus da cidade de Montgomery, no Estado do Alabama, e chegou ao ápice quando, em 1963, ao fim da marcha de Washington, em frente a um público de 200 mil pessoas, no Lincoln Memorial, proclamou o famoso discurso “I Have a Dream” (Eu tenho um Sonho), em que disse sonhar pela coexistência pacífica entre todas as raças nos EUA no futuro. Na época, o evento foi considerado fundamental para a assinatura do Ato de Direitos Civis, em 1964, entre outros avanços na legislação de direitos civis nos EUA. King foi assassinado em 1968 em um hotel de Memphis, Tennessee, horas antes de participar de uma marcha na cidade.

Fonte: Opera Mundi

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