Congresso da FSM: 3º dia debate crise, luta de classes e a unidade dos trabalhadores

O terceiro dia de trabalhos em Atenas (sexta-feira, 8 de abril) foi novamente marcado pela presença de inúmeras delegações internacionais, que agitam e aquecem a cidade. Não há uma rua onde não se veja um cartaz anunciando o 16º Congresso da FSM. Dezenas de voluntários do Partido Comunista recebem os sindicalistas e os orientam em todas as suas necessidades.  

Por Edson de Paula*

A CTB teve presença firme e consistente nos debates de hoje. Com seus 36 representantes, vindo de todas as regiões do Brasil, a CTB deixará sua marca na história dos Congressos da FSM. O presidente Wagner Gomes fez pronunciamento reafirmando nosso apoio à consolidação da FSM. Propôs mudanças no documento político apresentado à plenária “que, ao analisar a crise econômica internacional, não consegue captar em sua plenitude as particularidades, diversidades e divergências no processo histórico de desenvolvimento econômico e político das nações”.


João Batista Lemos, secretário de Relações Internacionais adjunto da CTB

Outro dirigente da CTB que ocupou a tribuna e arrancou aplausos entusiasmados da platéia foi Wagner Fajardo, da UIS Transportes: “Em dezembro de 2009, realizamos no Equador, em conjunto com a Federação Unitária de Trabalhadores em Transporte da America Latina e Caribe – FUTAC, um Congresso que teve como principal desafio a ampliação da ação da FSM no setor de transporte na América Latina. Em fevereiro de 2010 realizamos a Conferência Européia em Lisboa – Portugal, que aprovou como principal resolução a promoção de um dia de ação e luta no dia 02 de março de 2010. Nos dias 15 e 16 de fevereiro deste ano, demos um novo impulso com a realização, no Chipre, da Conferência Internacional dos Trabalhadores em Transporte, com a presença de organizações de transporte de 20 países, de quatro continentes”, afirmou.

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Fajardo, da UIS Transportes, denuncia mazelas do capital

Fajardo também reforçou as denúncias contra o capital: “Mesmo com os avanços apresentados em países da América Latina e Ásia, a lógica neoliberal continua sua ofensiva através do processo de privatização dos sistemas e empresas de transportes. Com isso, cada vez mais, o setor se concentra nas mãos de grandes grupos econômicos e financeiros, que têm como objetivo único o aumento desmedido do lucro, ignorando a soberania das nações, sacrificando interesses nacionais, intensificando a exploração dos trabalhadores e impondo seus interesses em detrimento dos interesses dos povos”.

Outra importante intervenção foi a do representante dos trabalhadores de Honduras: “O Golpe de Estado em Honduras se enquadra dentro deste conflito, no qual se jogam interesses geopolíticos com conseqüências diretas nas condições de vida dos povos, pois o sistema econômico  que tentam preservar pela força é o que ocasionou a grande crise social e econômica, aumentou a polarização da riqueza e a concentração do poder político, a ruína dos aparatos produtivos nacionais e a destruição do meio ambiente, entre outros”.


Ramon Cardona, secretário da FSM para as Américas, durante seu discurso

Os debates de hoje foram seqüência dos de ontem que tiveram início com um balanço sobre as atividades da FSM. Apresentado pelo Secretário Geral, George Mavrikos, o relato deu o tom das demais intervenções do dia. “Há um caráter de classe na crise de hoje; o capital continua a acumular lucros enquanto aumenta o desemprego e impõe cortes nos direitos trabalhistas”.  Os representantes do capital apresentam saídas artificiais e destrutivas. As guerras que promovem são guerras contra o trabalho e a venda de armas aumentou em 20% nos últimos 18 meses. Lutamos para que orçamentos destinados ao setor bélico sejam desviados para os setores sociais. A FSM continuará enfrentando todos os desafios e o medo já não é uma palavra presente em nosso vocabulário. Estivemos presentes e apoiamos os inúmeros movimentos de resistência ocorridos na Europa e no mundo. Precisamos formar uma nova geração que esteja consciente da necessidade de acabar com a exploração do homem pelo homem”, ressaltou o dirigente.

“A crise para a qual fomos levados é sistêmica, por isso é também política. Os trabalhadores devem reagir com inteligência e audácia”, foi a mensagem trazida pelos trabalhadores de Cuba. Em seu discurso, Salvador Valdés, da CTC, declarou que “defenderemos a todo custo nossa seguridade social, nossos sistemas de saúde e educação gratuitos e universais. Igualmente protegeremos a ampla participação na tomada de decisões em todos os níveis, da cada vez maior democracia sindical e política que desfrutamos, todas conquistadas com a Revolução”.

O presidente da Síria, o presidente da República do Chipre e o presidente da Bolívia enviaram mensagens reafirmando a importância da luta dos trabalhadores e a relevância da FSM.

Passaram pela tribuna trabalhadores da África do Sul, Chipre, Damasco, Líbano, Venezuela, Panamá, França, Cuba, Índia, Brasil, Sudão, Portugal, além de representantes da UIS Metal, da Organização pela Libertação da Palestina.

Marcela Maspero, da Venezuela, fez um contundente discurso e destacou: “Justamente nosso país Venezuela, assim como Equador, Bolívia, Nicarágua, Cuba, Uruguai e de algum modo também Argentina e Brasil, são países que no nosso continente, na América Latina, foram em algum momento pátio traseiro do império norte-americano e hoje transitamos caminhos de libertação decididos por nossos povos. Hoje se constrói em nosso continente importantes esforços de integração como a ALBA, Alternativa Bolivariana para as Américas, que derrotou a ALCA que deslocou os Tratados de Livre Comércio e que representa sem dúvida uma ameaça para o império norte-americano”.

A cada discurso aprofunda-se a denúncia do caráter desumano do capital que, com voracidade, ataca todos os lugares de onde pode extrair riquezas e explorar o trabalho. A FSM deve estar em todos os lugares onde se luta contra o imperialismo. A unidade de classe é nossa arma e mobilização consciente nossa ferramenta de mudanças.


* Edson de Paula é presidente da FITEE, diretor da CTB e escreve diretamente de Atenas (repórter por mais um dia).

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