Cenário econômico da América Latina piora com inflação e juros, diz FGV

Pesquisa Sondagem Econômica da região mostra que Brasil entra em período de contração do ciclo econômico

O ambiente econômico mundial está em sua pior fase, com a manutenção da deterioração na América Latina e a entrada do Brasil em um período de contração do ciclo econômico. É o que mostra a Sondagem Econômica da América Latina, feita em parceria do Institute for Economic Research da Universidade de Munique, ou Instituto IFO, com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo as duas instituições, o Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina recuou para 4,6 pontos em julho deste ano, abaixo do resultado anterior da pesquisa trimestral, referente a abril, de 4,9 pontos.  

As entidades consideram que resultados abaixo de cinco pontos nos índices sinalizam "clima ruim". Em comunicado, as instituições esclarecem que "a piora do ICE da América Latina acompanha a tendência mundial". "O ICE do mundo passa de 4,6 para 4,1 pontos entre abril e julho."

O ICE da América Latina é construído como uma combinação de dois índices que medem a situação econômica atual e as expectativas para os próximos seis meses. O Índice da Situação Atual (ISA) atingiu patamar de 5,7 pontos em julho, ante 5,8 pontos em abril. O Índice de Expectativas (IE) passou de quatro pontos para 3,4 pontos, de abril para julho. "A piora do ICE está associada, portanto, a uma clara deterioração no Índice de Expectativas (IE)", esclareceram as instituições em comunicado. Ainda segundo o mesmo informe, "as expectativas de aumento da taxa de inflação e de taxas de juros dominam o cenário de todas as regiões" no mundo.

Brasil

No Brasil, a deterioração nas expectativas em relação à economia para os próximos meses derrubou o ICE na passagem do trimestre encerrado em abril para o de julho, que caiu de 6,5 pontos para 5,5 pontos. No caso do País, o ISA passou de 7,9 pontos para 7,2 pontos. No mesmo período, o IE recuou mais fortemente, caindo de 5,1 pontos para 3,8 pontos. "O resultado do IE abaixo de cinco pontos indica que as condições econômicas para daqui a seis meses são consideradas ruins", informaram as entidades.

Entretanto, ao estabelecer um ranking entre 12 países da América Latina, mensurando o resultado dos ICEs das nações latino-americanas, as instituições informam que Uruguai, Peru e Brasil permanecem como líderes no ranking de clima econômico, ocupando respectivamente as primeira, segunda e terceira posições. Em contrapartida, as piores posições são ocupadas por México, Argentina e Equador, que estão em 10º; 11º e 12º lugares no ranking.

Petróleo

O relatório afirma ainda que a alta nos preços do petróleo este ano foi percebida com grande preocupação por países de diferentes continentes, e se houver continuidade nesse cenário, isso poderá afetar o atendimento da demanda energética em mercados de várias nações.

A manutenção de preços elevados de petróleo e gás natural é percebida como um fator de elevado risco no atendimento da demanda de energia e poderá levar a déficits em conta corrente insustentáveis na Ásia (Coréia do Sul, Taiwan, Tailândia, Índia, Bangladesh e Paquistão), África do Sul, Israel, Turquia e alguns países europeus (Portugal, Grécia, Espanha, Romênia, Bulgária, Croácia, Sérvia-Montenegro e Letônia).

Tecnologias limpas

Ainda segundo comunicado das duas entidades, os especialistas consultados para análise informaram que o aumento do preço do petróleo estimulará empresas a investirem em tecnologias mais eficientes e "limpas" para a geração de energia. "Essa é uma avaliação destacada nos países da América do Norte, países europeus, Brasil, Chile, Costa Rica, Peru, Japão, Coréia do Sul, China, Taiwan, Tailândia e Filipinas", acrescentaram as organizações, em comunicado.

A Sondagem Econômica da América Latina serve ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com base em informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos países. A pesquisa é aplicada com a mesma metodologia – simultaneamente – em todos os países da região.Em julho, a sondagem ouviu 117 especialistas em 16 países.

Agência Estado

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