Assembléia extraordinária vai decidir novas formas de repúdio

A OEA (Organização dos Estados Americanos) e a ONU (Organização das Nações Unidas) resolveram, ontem (19), aumentar a pressão contra o estado hondurenho, que se nega a restituir ao poder o presidente Manuel Zelaya, deposto no último dia 28. O rechaço ocorre um dia após o fracasso da segunda rodada de diálogo entre os governos deposto e provisório de Honduras, realizada neste fim de semana na Costa Rica.

Hoje, uma assembleia extraordinária da OEA vai analisar novamente a situação hondurenha e decidir se será intensificado o repúdio ao golpe. No último dia 4, a OEA suspendeu o país do organismo após ver seu prazo de 72 horas para a restituição de Zelaya ser descumprido pelo governo provisório de Roberto Micheletti.  

"Vamos manter e ampliar a pressão", informou em Washington o secretário geral da OEA, José Miguel Insulza, como mostra notícia da TeleSul. Insulza não adiantou de que forma o rechaço será intensificado, mas repudiou o governo de Micheletti. ''Esse é um golpe que fracassou e ele tem que reconhecer isso'', analisou.

Segundo o secretário da OEA, a organização deverá aguardar as 72 horas propostas ontem pelo presidente costarriquenho Oscar Arias, que está mediando o diálogo entre representantes de Zelaya e Micheletti. No entanto, a missão que representa Micheletti no diálogo já reprovou a proposta de sete pontos de Arias e ameaçou abandonar a rodada de negociações.

"Lamentamos profundamente a atitude da delegação do governo de fato ao rechaçar a proposta do presidente Arias", criticou Insulza, que ainda disse não entender a postura da delegação de Micheletti. O secretário da OEA afirma estar em contato permanente com o presidente da Costa Rica, que tem lhe informado sobre as negociações.

O presidente da Assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Miguel D’Escoto, afirmou que o organismo tomará medidas para obrigar Micheletti a abandonar o poder em Honduras.  

Na Nicarágua, D’Escoto afirmou à TeleSul que "existe uma resolução [na Assembleia da ONU] que diz que todos os países devem tomar todas as medidas que sejam necessárias para obter a restituição imediata e incondicional do presidente Zelaya a seu cargo".

Para o representante da ONU, a pressão precisa ser intensificada para "obrigá-los a reconhecer a realidade" e exigir que o governo provisório se retire. D’Escoto repudiou a intenção de Micheletti de se manter no poder até novembro, quando as eleições gerais de Honduras serão realizadas. "Eles estão conscientes de que qualquer convocação às eleições feita por eles não tem nenhuma validade", lembrou D’Escoto.

UE suspende ajuda financeira

A Comissão Europeia também demonstrou repúdio ao resultado negativo do diálogo e anunciou hoje (20) o congelamento de 65,5 milhões de euros (92 milhões de dólares) de ajuda orçamentária para Honduras. É o que informaram a Agência France Press e a Euro Press.

A ajuda referente aos anos 2007-2010 está congelada, mas "poderá ser perdida definitivamente caso a atual crise se prolongue", explicou o porta-voz da comissão, Amadeu Altafaj. Ao todo, a União Europeia prevê uma ajuda de 223 milhões de euros para Honduras, no período de 2007-2013.

"À vista das circunstancias, tomei a difícil decisão de suspender toda a ajuda orçamentária", informou em um comunicado a comissária de Relações Exteriores da comissão, Benita Ferrero-Waldner.

Waldner lamentou a impossibilidade de solução para a crise hondurenha. Ela destacou que o diálogo será retomado em breve e pediu que ambas as partes "demonstrem sua disposição para dar os passos necessários que permitam a resolução da crise".

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