VI Seminário de Saúde expõe a realidade cruel do mercado e o descaso com a vida do trabalhador

“Não há solução sem um pensamento coletivo. A sociedade evolui, o mundo do trabalho também precisa evoluir. E, através do debate podemos buscar uma sociedade melhor. Tratamos aqui de saúde do trabalhador e quando falamos em saúde do trabalhador, consequentemente, falamos em saúde da sociedade”. Com esta fala o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e deputado federal Assis Melo iniciou, juntamente com a mesa de abertura, o VI Seminário de Saúde do Trabalhador de Caxias do Sul e Região que aconteceu na manhã desta sexta-feira (25) no Personal Royal Hotel. Promovido pelo Sindicatos em parceria com o CEREST/Serra e a Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, com o apoio do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalho (NEST) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) o evento teve o intuito de debater soluções para garantir a segurança e a saúde do trabalhador.

Na sexta edição do encontro, que já se tornou referência e é alusivo ao Dia Internacional em Memória das Vítimas dos Acidentes e das Doenças do Trabalho e Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, 28 de abril, o debate teve como eixo principal o agravamento da saúde e a falta de segurança no mundo do trabalho.

“Os números de acidente de trabalho no Brasil são muito grandes, em média 713 mil por ano. É inadmissível um trabalhador sair da sua casa para ganhar a vida e perdê-la. Temos inúmeros exemplos do descaso total com a vida dos trabalhadores. Muitas vezes a morte no trabalho é vista como normal. Não podemos apenas discutir e não colocar em prática. Podemos constatar que falta comprometimento com a segurança do trabalhador”, destacou o juiz do trabalho, Maurício Machado Marca durante sua explanação sobre acidentes de trabalho, morte do empregador, dano moral próprio e dano moral em Ricochete.

Após, o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Garcia tratou sobre gestão de risco e responsabilidades. “Em 21 anos de Ministério já visitei muitas empresas, de todos os segmentos, encontrei apenas três que cumpriam todas as normas de segurança. Máquinas desprotegidas são um anúncio de acidentes e quem causa danos físicos, morais e psicológicos tem que ser responsabilizado.” Garcia salientou ainda que a responsabilidade em caso de acidentes também é da estrutura técnica da empresa (técnico de segurança, médico do trabalho…) que tem o dever de pensar e possibilitar um ambiente seguro ao trabalhador, prever os riscos. Além disso, a empresa tem uma responsabilidade com a sociedade. “Os custos referentes aos acidentes de trabalho com a Previdência e atendimento médico são de R$150 bilhões por ano. Dinheiro sugado da sociedade pela negligência das empresas”, disse.

Outros temas foram explanados como a importância da NR 12 com a auditora fiscal e coordenadora da NR 12 em Caxias, Aida Cristina Becker; acidentes e emergências com produtos químicos e os impactos na segurança dos trabalhadores, com o auditor fiscal do trabalho, Roque Puiatti e; a realidade da segurança no trabalho em Caxias e região com o auditor fiscal, Vanius Corte.

Fabíola Spiandorello (Foto: Marcele Maciel)

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