Rodízio de 24h, proposto há 1 ano, economizaria 12,3% do Cantareira

Publicado 30/01/2015
Descartado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) no início da crise hídrica, o plano de rodízio proposto há um ano pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), de 48 horas com água e 24 horas sem apenas para as regiões abastecidas pelo Sistema Cantareira, poderia ter resultado em uma economia de 120 bilhões de litros em 2014.
A quantidade equivale a 12,3% da capacidade do manancial e supera a segunda cota do volume morto (105 bilhões de litros), que está sendo retirada pela empresa desde outubro.
O plano “Rodízio do Sistema Cantareira 2014”, foi entregue em janeiro pela Sabesp ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), um dos órgãos reguladores do manancial.
No documento, a companhia afirma que “o rodízio deve ser planejado em face da situação crítica de armazenamento nos mananciais” e previa uma economia de 4,2 mil litros por segundo na retirada do sistema, que resultariam em 120 bilhões de litros entre fevereiro e dezembro.
À época da revelação do plano, Alckmin disse que o rodízio “é tecnicamente inadequado” e o pacote de medidas adotadas pelo governo até então (redução da pressão da água, bônus na conta e transferência entre sistemas) “equivale a um racionamento de 36 horas com água e 72 horas sem”.
Já a Sabesp informou que o plano foi feito antes da crise, para o processo de renovação da outorga do Cantareira, que ocorreria em agosto passado e foi adiada.
A passos de tartaruga
Após muito debate e polêmicas, nesta quinta-feira (29) o governador Alckmin decidiu convocar empresas especializadas em recursos hídricos para apresentar propostas de curtíssimo prazo para a maior crise de abastecimento já vivida pela Grande São Paulo.
Em reunião esperada para a próxima semana, a administração paulista espera que a iniciativa privada ofereça serviços que aumentem já neste ano a capacidade da Sabesp para tratamento de água dos reservatórios, entre eles o da Billings.
A iniciativa tardia se deu após prefeitos da região metropolitana de São Paulo solicitarem, na última quarta-feira (28), ao secretário de Recursos Hídricos do estado, Benedito Braga, que seja criado um comitê para acompanhar a crise hídrica, um plano de contingência e um plano de comunicação. A reunião na Praça das Artes, no Centro, reuniu cerca de 30 prefeitos e assessores e foi articulada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Haddad afirmou que o clima na reunião foi de ansiedade diante da declaração do dia anterior de que a Sabesp estuda adotar um rodízio de 5 dias sem água por 2 com abastecimento, caso a situação se agrave. Os prefeitos foram pegos de surpresa pelo anúncio.