Em assembleia realizada na última sexta-feira (26/3), na Associação Médica de Minas Gerais, cerca de mil professores da rede privada de ensino de Belo Horizonte e região decidiram, por unanimidade, recusar a contraproposta patronal – que retira direitos históricos – e decretaram estado de greve, com a manutenção da mobilização e a organização do movimento.
Também por unanimidade, os docentes decidiram paralisar as atividades a partir da próxima segunda-feira (5) – nos três turnos –, quando será realizada nova assembleia, às 8h, no auditório da Faculdade de Medicina da UFMG (av. Alfredo Balena, 190 – Centro – BH).
No mesmo dia, às 17 horas, a categoria fará manifestação na porta do sindicato patronal – Sinep/MG (Rua Araguari, 644 – Barro Preto – BH).
A decisão dessa sexta é válida para os professores que lecionam em municípios da área de abrangência do Sinep/MG, entre eles Belo Horizonte e região metropolitana (Confira a lista das cidades).
“Essa assembleia com paralisação foi uma demonstração inequívoca de que estamos unidos e mobilizados e de que não aceitaremos a retirada de direitos. Educação de qualidade se constrói com valorização dos professores, e isso nós não abriremos mão”, ressaltou o presidente do Sinpro Minas, Gilson Reis.
Ele destacou ainda que “a força que temos está no coletivo” e reafirmou que o momento é favorável, pois a economia vem crescendo, as escolas reajustaram as mensalidades acima da inflação e, de acordo com pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 79% das categorias com data-base no último período tiveram aumento real.
Paralisação atinge várias escolas
A paralisação dessa sexta-feira atingiu as principais escolas da capital e região, como os colégios Batista, Loyola, Frei Orlando, Dom Silvério, Instituto Sagrada Família, Sagrado Coração de Maria, Santo Antônio, Santa Dorotéia, entre outras instituições de ensino, entre elas o Uni-BH e a Newton Paiva. Outras escolas pararam parcialmente. A mobilização também ganhou grande repercussão na imprensa, na sociedade em geral e entre pais e estudantes, que tomaram conhecimento da precarização das condições de trabalho nas escolas privadas, realidade que prejudica a qualidade do ensino.
“Apoiamos de forma incondicional a decisão dos professores da rede privada de ensino. Entendemos que a qualidade da educação passa, necessariamente, pela valorização dos profissionais que nela trabalham, e essa não tem sido a tônica dos donos de escolas”, diz o texto da carta de apoio dos estudantes, assinada pela União Nacional dos Estudantes e pela União Estadual dos Estudantes (leia aqui).
Diversos pais ouvidos pela reportagem do Extra-Classe, programa de TV do Sinpro Minas, também se manifestaram favorável à paralisação, por entenderem que se trata de reivindicações legítimas, voltadas para a melhoria da educação.
Neste domingo (4/5), o Extra-Classe, exibido às 8h55, na TV Band, vai trazer um programa especial sobre a campanha reivindicatória 2010. Não perca!
Reivindicações
Na assembleia dessa sexta (26/3), os professores voltaram a relatar casos de sobrecarga de trabalho e de pressão por parte dos donos de escolas. Reafirmaram que vão paralisar as atividades por tempo indeterminado, caso o patronal não atenda as reivindicações apresentadas e insista em retirar conquistas históricas, e disseram, ainda, que a insatisfação na categoria é crescente.
“Estamos vivendo um processo de precarização das condições de trabalho que prejudica várias categorias. A greve é o único caminho hoje para garantir os direitos trabalhistas”, disse uma professora do ensino superior. “Não basta só conquistas financeiras, queremos a nossa dignidade”, afirmou outra professora. “Não podemos ter medo. Se pararmos todos, tenho certeza que vamos alcançar nossos objetivos”, disse um professor do ensino médio.
Contraproposta indecorosa retira direitos
A contraproposta patronal, apresentada em 25/3, se recusa a conceder um aumento real, limita o adicional por tempo de serviço em 5% (atualmente o quinquênio acumulado pode chegar a 25%), transfere as férias do ensino superior e posterior para 1º a 30 de julho e reduz a garantia de salários (de 120 dias para 90 dias por semestre) e o adicional extraclasse, ao incluir nele a possibilidade de realizar seis reuniões pedagógicas por semestre.
Os professores terminaram a assembleia emocionados e reafirmaram em coro: “não aceitaremos a retirada de direitos!”. Em seguida, eles fizeram uma manifestação pelas ruas do centro da capital, em luta por respeito, melhores salários e condições de trabalho.

*Reveja imagens de mobilização dos professores da rede privada
Risco
O grande nó nas negociações é que, havendo dissídio coletivo, o processo corre o risco de não ser julgado devido à falta de comum acordo entre as partes para instaurá-lo, por conta da emenda 45.
Se isso acontecer, os professores ficarão sem um instrumento jurídico (a Convenção Coletiva de Trabalho – CCT) que respalde suas conquistas, pavimentando o caminho para precarizar ainda mais as condições de trabalho e salários e retirar direitos históricos, como as bolsas de estudos.
Enquanto a CCT não é fechada, muitas escolas não estão aceitando o requerimento de bolsas distribuído pelo Sinpro Minas.
Serviço:
Assembleia de professores com paralisação
Dia 5 de abril – 8 horas – Faculdade de Medicina da UFMG (Av. Alfredo Balena 190 – Centro – BH)
Mais informações
Dept. de Comunicação – Sinpro Minas
(31) 3115-3030 / 3038 / 3029
Débora Junqueira 9616 4648 / Denilson Cajazeiro / Cecília Alvim / Saulo Martins
Fonte: Sinpro MG