Policiais federais em greve fazem protesto no Rio por reestruturação de carreira

Em greve desde o último dia 7 de agosto, os policiais federais do Rio de Janeiro realizaram um protesto na manhã desta quarta-feira (05) com o objetivo de chamar a atenção para as reivindicações da categoria e cobrar do Governo federal a negociação da reestruturação salarial e de carreira.

Cerca de 150 agentes se concentraram em frente ao prédio da Superintendência Regional da Polícia Federal, na Praça Mauá, onde queimaram cópias de seus diplomas de graduação. E, seguindo o cronograma da manifestação, os policiais seguiram para o estádio do Maracanã para dar um abraço simbólico no estádio.

A ideia é protestar contra o não-reconhecimento das atribuições de nível superior dos escrivães, papiloscopistas e agentes, uma das principais reivindicações do movimento.  Lá, os manifestantes mostraram faixas com mensagens que reforçam a causa e deram gritos de guerra como “Nível Superior já”. Os policiais também se manifestaram jogando para o alto bolas de futebol inscritas com a mensagem “SOS PF”, marcando o protesto em frente ao estádio de futebol.
Policiais queimam cópias de diplomaPoliciais queimam cópias de diploma

De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal do Estado do Rio de Janeiro, Telmo Correa Pereira dos Reis, o prazo para o governo do Estado enviar a Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) terminou no dia 31 de agosto. E foi oferecido à Polícia Federal o valor de 15,8% de reajuste, que foi recusado pela categoria.

“A principal matéria em discussão é a carreira do policial federal. Queremos a reestruturação da carreira de polícia federal com o reconhecimento das atribuições de nível superior, que os policias federais já exercem diariamente. O governo não paga e não registra isso em lei. Essa é uma forma deles se apropriarem indevidamente do serviço policial e deixar com que façam as grandes operações com a polícia no nível que o Governo tem”, disse Telmo.

“Todos” querem uma solução

Pressionado pela presidente Dilma Rousseff que deseja a resolução da questão, e pelos policiais federais de todo o Brasil, devido a sua resistência em negociar esta reestruturação da carreira dos policiais, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo teria ameaçado que seriam “rigorosos no controle de ponto”.

Reunidos em assembleia na tarde desta segunda-feira (3), os policiais federais do Rio aprovaram por unanimidade a continuidade da greve, por tempo indeterminado, enquanto aguardam as negociações com o Governo, em Brasília. Para preservar o direito de greve dos associados, o Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro (SSDPF/RJ) entrou com uma ação para garantir que não haverá corte de ponto.

 “O ministro da Justiça está perdendo o seu tempo ameaçando a polícia, porque nós não vamos nos intimidar. Ele está criando problemas para o PT, para as eleições, e cuidando de interesses dele que não sabemos bem quais são, mas nós não vamos correr dele”, declara o presidente do SSDPF/RJ.

Um policial federal com dez anos de carreira, que não quis se identificar, disse que a reivindicação da polícia tem base jurídica, “já que a Constituição diz que uma vez realizado edital de nível superior, deverão ser dadas atribuições de nível superior e que tendo atribuição de nível superior, deverão ter a remuneração compatível” argumenta. “É o governo do Estado que não cumpre algo que é obrigatório. É a constituição que manda.”, exclama o policial.

Apesar de estar aposentado, Sérgio Pontes (54), com 30 anos de Departamento, foi ao abraço simbólico do Maracanã para apoiar a causa: “A polícia federal já tem nível superior desde 1996 e ainda recebe como nível médio. Além disso, um acordo já tinha sido assinado pelo então secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, mas depois que ele morreu não quiseram cumpri-lo” afirma Sérgio.

Calendário de ações

Segundo Telmo Correa, a manifestação desta quarta-feira “é um formato de protesto nacionalmente aprovado pela Federação Nacional dos Policiais Federais, em que vão a vários locais que marcam a cidade para fazerem uma chamada mais interessante”. E ainda de acordo com ele, entre os diversos movimentos que os policiais federais estão fazendo em todo o Brasil, a maior concentração é em Brasília para pressionar o ministro da Justiça.

Os policiais federais do Rio de Janeiro vão se reunir hoje à noite na sede do Sindicato, no bairro Saúde, onde a decisão sobre o próximo passo será tomada. Já amanhã, a partir das 9h, haverá uma videoconferência com os sindicatos de polícias federais de todos os estados do Brasil.

A categoria também definiu pela realização de assembleias toda segunda e quarta-feira, às 14h, na sede do sindicato, a partir da próxima semana, dias 10 e 12, para acompanhar os rumos do movimento nacional e deliberar sobre a adesão no Rio. Além disso, foram definidas vigílias, todos os dias, das 9h às 13h, em frente ao prédio da Superintendência Regional da Polícia Federal. O calendário foi decidido junto à direção do Sindicato e à Comissão de Greve formada no último dia 16 por dez agentes federais.

 

Fonte: Jornal do Brasil

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