Patrões mantêm proposta de zero de aumento real para metalúrgicos no RS

Cerca de 15 minutos foram suficientes para os empresários demostrarem que não estão preocupados em valorizar os trabalhadores que tanto contribuem para os lucros e para o crescimento das empresas. Durante a terceira reunião de negociação entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região (RS)e o SIMECS, que aconteceu na manhã desta segunda-feira ( 23) os patrões mantiveram a oferta de apenas repassar o índice do INPC do período, ou seja, zero % de aumento real e nenhum avanço nas cláusulas sociais.

“A reunião de hoje deixou bem claro que os patrões não priorizam o acordo e estão longe de valorizar o trabalhador metalúrgico. Manter as cláusulas de 2013 e só repassar a inflação não é valorização, é inaceitável. Os empresários ganham ajudas do governo, que inclusive compra os produtos das empresas em seus programas, e para o trabalhador é só trabalho e mais trabalho.

Não querer avançar nem em cláusulas que não exigem custo como a estabilidade dos cipeiros e o intervalo de 10 minutos a cada duas horas como prevê a NR 15, é um desrespeito”, destaca o presidente em exercício do Sindicato, Luis Carlos Ferreira.

Nos próximos dias uma assembleia geral será chamada pelo Sindicato dos Metalúrgicos para discutir com os trabalhadores o rumo da Campanha Salarial 2014.

As empresas vão bem

Graças à dedicação e ao empenho dos metalúrgicos, as empresas de Caxias vão muito bem. Agrale, Marcopolo e Randon cresceram em 2013, e não poderiam se queixar. A Randon, por exemplo, teve crescimento de 21% na sua receita líquida, com um recorde de R$ 4,3 bilhões.
A San Marino está “bombando” com os BRTs. Progás e Vector estão contratando para dar conta da produção. A Randon está investindo R$ 2,5 bilhões em expansão da produção e a Guerra, R$ 20 milhões com ampliação da fábrica. “Quem está em crise não amplia estrutura!”, questiona Luizão.

Valorização para os metalúrgicos faz bem à sociedade: é pra frente que se anda!

Na visão do Sindicato, “Valorizar o trabalhador é fortalecer o Brasil”, slogan da campanha deste ano. Este é o caminho. Os patrões, quando fazem coro com aqueles que dizem que o trabalhador ganha demais e que há até muito emprego no Brasil, estão na contramão.

Para o Brasil seguir em frente, com mais desenvolvimento, é preciso valorizar a renda dos trabalhadores. Com mais salário e direitos, os metalúrgicos – que somam cerca de 60 mil – garantem mais bem-estar e qualidade de vida para as suas famílias e movimentam a economia de Caxias e da região. O comércio e os serviços ganham e gera-se mais empregos em outros setores.

Principais reivindicações dos metalúrgicos:

13,5% – O índice é baseado na inflação dos últimos 12 meses e no crescimento registrado pelas empresas.

Piso único de R$ 1.500 – para valorizar o salário médio da categoria e inibir os malefícios da rotatividade.

40 horas semanais sem redução de salários – para gerar mais oportunidades de empregos no setor e dar mais tempo para o lazer, a qualificação profissional e para a família do trabalhador.

Transporte e alimentação subsidiados – As empresas é que devem custear a alimentação e o deslocamentos dos trabalhadores de casa para o trabalho e vice-versa. Quanto custa para o metalúrgico tudo isso? No salário são descontados transporte, alimentação, plano de saúde, taxas bancárias, etc. Temos que refletir sobre o que deixamos para as empresas. Através das cláusulas sociais podemos diminuir esses descontos, ou seja, ganhar mais.

Auxílio-creche para crianças de até 5 anos – Este deve ser um direito da criança, para que pais e mães possam ficar tranquilos com seus filhos bem cuidados enquanto eles trabalham.

Igualdade salarial entre homens e mulheres no caso de mesma função – Trabalho igual, salário igual.

Auxílio-lanche para estudantes – Um grande número de trabalhadores também são estudantes. As empresas devem conceder um lanche para os estudantes ao fim do expediente.

Mensalistas – Os trabalhadores contratados nesse regime trabalham 5 dias por ano de graça para os patrões. A reivindicação é de que todos os trabalhadores mensalistas sejam contratados como horistas.

Intervalos de 10 minutos a cada 2 horas trabalhadas conforme a Norma Regulamentadora 15 – Os metalúrgicos reivindicam intervalos de 10 minutos a cada 2 horas de trabalho. Nesse tempo, o trabalhador poderá descansar, fazer um lanche e ir no banheiro.

Aplicação da NR 12 em todas as fábricas – A Norma Regulamentadora 12 (NR12), hoje assegurada pelo Ministério do Trabalho, estabelece as garantias mínimas de proteção ao trabalhador e normas de segurança para operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. Esta conquista está ameaçada por setores empresariais que consideram o lucro mais importante que a vida do trabalhador.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região
Foto: Fabíola Spiandorello

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