Metrô e Sabesp são mencionadas em planilha de Youssef

doleiro Youssef

A revelação da menção de uma obra metrôviária superfaturada em R$ 5 milhões traz novos rumos na Operação Lava Jato. O documento foi encontrado no apartamento do doleiro Alberto Youssef e lista 747 projetos vinculados a clientes diretos de construtoras, algumas já citadas na Lava Jato. O caso veio a público no início de dezembro de 2014 pela revista Carta Capital e evidencia possíveis descobertas sobre pagamentos de propina do doleiro a agentes públicos do Estado.

O documento havia sido apreendido em março do mesmo ano pela Polícia Federal. Entre as constatações de empresas estatais, prefeituras e empresas privadas, estão apontadas entre os clientes de Youssef: a Sabesp, o Metrô de São Paulo, obras do trecho Sul do Rodoanel e a companhia de saneamento mineira Copasa, entre outras em todo o país. Também foram citados alguns empreendimentos de Pernambuco, como o Porto de Suape e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, ligado ao Ministério da Integração Nacional. Das empresas privadas citadas na lista, constam a Vale, a Fiat e empresas de Eike Batista.

A investigação paulista

A investigação do MP foi dividida em três eixos: um separado para as refinarias no interior do estado; e os outros dois eixos, exclusivos para duas empresas fundamentais do governo estadual: o Metrô de São Paulo (em especial a estação da Linha Verde) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp.

No Metrô, o foco paira sobre as obras da estação Vila Prudente. O consórcio é alvo de denúncias de irregularidades desde 2010, relacionadas às licitações para ampliação da Linha Verde, com a construção do monotrilho que ligaria a Vila Prudente até Cidade Tiradentes na zona leste. O caso abrange também a Linha Prata, que não foi entregue até hoje. As denúncias partiram do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, com atos públicos que mobilizaram as comunidades do entorno.

“Há mais de 20 anos, desde o governo Covas, são constatados indícios de processos ilegais realizados no metrô paulista. Há diversos questionamentos relacionados às obras, como a chegada de novos trens importados, o esquema de cartel organizado pelas empreiteiras e o acordo de loteamento entre as empresas licitadas nos consórcios”, mencionou o cetebista Flávio Godoi.

Na época (2010), o consórcio vencedor foi composto pela Queiroz Galvão, OAS e Bombardier. As duas primeiras seriam citadas anos depois na Lava Jato e a terceira no caso do cartel metro-ferroviário de São Paulo, que apresentou um preço 43% superior ao teto estipulado pelo Metrô. As empresas pediram R$ 2,99 bilhões pela obra, e a solicitação do Metrô era de até R$ 2,09 bilhões. Até 2013, o contrato obteve três aditamentos, no valor adicional de cerca de R$ 220 milhões. Na planilha do doleiro, foi indicada uma quantia de R$ 7,9 milhões ao nome “obra Vila Prudente”.

Godoi afirma: “Acredito na abertura da CPI do Metrô no Congresso Nacional em 2015, para que haja mais apuração dos projetos e consórcios que envolvem a expansão e investimentos da Companhia Metropolitana Paulista”. Ele enfatiza também que a entrega do monotrilho da Linha Prata não atenderá toda a demanda populacional da região por ser o tipo de trem que possui a menor capacidade em seu transporte.

Sabesp citada pelo Doleiro

Em outro eixo exclusivo de investigação está a Sabesp, pois também consta a menção da companhia na planilha apreendida. Ela é mencionada três vezes no documento: uma das menções refere-se à implantação da estação de tratamento de água Jurubatuba, no Guarujá; a segunda indica irregularidade na obra da adutora Guarau-Jaguará, na Grande São Paulo; e a terceira cita a tubulação da Sabesp em Franca. As obras estão alçadas em um valor total de R$ 28,9 milhões, números que podem indicar propina, segundo os promotores.

A terceira etapa de investigação abrange projetos de refinarias de derivados de petróleo do estado paulista. São cerca de 90, entre eles a Replan (de Paulínia), a Recap (Capuava, na Grande São Paulo) e a Revap (Henrique Lage, em São José dos Campos).

Conforme novas obras e projetos do governo tucano começam a ser reveladas pela lista de Youssef, o Ministério Público ganha mais autonomia para aprofundar investigações que apontem elos ilícitos do doleiro com outras companhias ligadas ao governo paulista. O que o caso já revela é uma intensa cultura de superfaturamento em obras ligadas à gestão tucana.

De Arthur Dafs para o Portal CTB

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