A rodovia Presidente Dutra, principal ligação entre São Paulo e o Rio de Janeiro, foi bloqueada durante uma hora, no início da manhã desta terça-feira (22), pelos metalúrgicos de uma das oito fábricas do complexo da General Motors (GM), em São José dos Campos (SP). Eles protestam contra o risco de demissão de 1,5 mil trabalhadores.
Há meses os metalúrgicos da General Motors de São José dos Campos convivem com um cenário de medo e a insegurança diante da onda de demissões promovida pela fábrica. Desde 2008 foram mais de 4 mil demissões. E de acordo com a empresa mais 1,5 mil trabalhadores estão na lista de corte.
“O objetivo da manifestação é pressionar a GM a fechar um acordo que evite as demissões. Além do protesto faremos uma greve de 24h “, afirmou o dirigente Nilson Andrés, o Chileno, representante da CTB, que contesta a alegação da empresa acerca de mudança no quadro dos funcionários devido aos altos salários.
Para Chileno, a onda de demissões promovida dentro da fábrica também foi agravada pela postura equívocada da direção do sindicato, que desde 2008 tem conduzido as discussões sobre o banco de horas de forma errada. “A condução das discussões tem prejudicado trabalhadores. Com isso, a montadora transferiu os investimentos para ampliação das atividades em outras localidades ficando com um excedente de mão de obra naquela unidade. Antes fabricávamos diversos modelos. Hoje só estamos com o Classic”, destaca o sindicalista da CTB, sem deixar de lado a responsabilidade da empresa, que ignora o fato de ter recebido incentivos do governo federal.
E justamente por ter sido sido uma das beneficiadas do setor automobilístico com redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e liberação de recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS), os sindicalistas esperam que Dilma Rousseff interfira e proíba as demissões na fábrica.
Na última sexta-feira (18), terminou sem acordo a reunião entre os representantes dos empregados e diretores da GM, com intermediação do governo federal. Na quarta-feira (23), os dois lados voltam a discutir formas de evitar a demissão em massa.
“A CTB está ao lado dos trabalhadores. Na próxima quinta-feira (24), temos uma Audiência Pública na Câmara de São José dos Campos, a partir das 16h, para discutir o tema. A audiência, chamada pela vereadora Amélia Naomi, presidenta da casa, conta com o apoio da FitMetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) e deve reunir trabalhadores de diversas categorias e regiões”, disse Chileno.
Cinthia Ribas – Portal CTB