CTB-RS e Sinflumar pressionam pelo fim da paralisação da dragagem

A mobilização organizada pela CTB-RS e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Marítimos e Fluviais do Rio Grande do Sul (SINFLUMAR), na manhã desta quarta-feira (05), teve repercussão imediata. 

A atividade, que reuniu cerca de 500 trabalhadores numa caminhada do Cais do Porto até a Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, foi encabeçada pelo presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, e principais líderes sindicais, que carregaram a faixa com dizeres “Em defesa do emprego e do meio ambiente”.

Outras faixas, carregadas pelos trabalhadores estampavam: “Liberação da extração de areia com fiscalização”; “Já faz 20 dias que perduram a incerteza e insegurança. Quem vai pagar minhas despesas de água, luz e alimentação no fim do mês?” e “Sra. Juíza, essa liminar é para punir os corruptos e exploradores ou nós, os trabalhadores?”. Ao mesmo tempo, cerca de 120 caminhões, liberados pelos empresários do setor, circulavam pelo entorno fazendo um buzinaço que colaborou para sensibilizar os deputados e o próprio Governo do Estado.

A Comissão de Saúde e do Meio Ambiente realizou uma audiência no Auditório Dante Barone, cedida pelo presidente da Assembleia Legislativa, a fim de que todos os trabalhadores pudessem participar.

O presidente da CTB-RS fez parte da mesa que contou com deputados de diversos partidos, dirigentes das centrais, sindicatos e até com o apoio do presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Jair Krischke.  “Nós temos dois temas que envolvem os Direitos Humanos nesta questão. O primeiro tema envolve o Meio Ambiente saudável, e hoje casualmente é o Dia Universal do Meio Ambiente, uma data emblemática para todo mundo e nós estamos discutindo esse tema da mais alta relevância. E também há um direito humano que é muito importante e que está em pauta aqui: todo homem tem o direito ao trabalho”, afirmou o presidente do MJDH.

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Guiomar Vidor agradeceu a atenção dada pela Assembleia Legislativa e reclamou da cobertura da imprensa. “Estamos na busca de uma solução para esse grave problema. Ficamos impactados porque a imprensa divulga que as obras da mobilidade urbana, do PAC e da Copa do Mundo vão paralisar, mas em momento algum nós vimos ser falado que mais de 600 trabalhadores com suas famílias vão ser atingidos pelo desemprego. Sem falar aqui nos companheiros da Construção Civil que também serão prejudicados pelo desemprego que irá se desenvolver em cadeia. Esse problema terá desdobramentos negativos em vários aspectos sociais. O Sinflumar e a CTB têm dado diversos encaminhamentos. Precisamos unir todos os setores. A Assembleia Legislativa, o Governo do Estado e acima de tudo buscar o apoio da sociedade para que o judiciário reveja essa postura intransigente. Para que possamos assim sair dessa crise que foi instaurada”, afirmou Vidor.

O presidente relembrou as ações feitas pela CTB até o momento para que se consiga solucionar os entraves que impedem a atividade dos trabalhadores. “Já fizemos algumas reuniões, conversamos com o Secretário de Estado do Meio Ambiente, Néio Lúcio Fraga Pereira, e agendamos para amanhã uma audiência com a nova juíza que está comandando esse processo. Na segunda-feira passada, também, fizemos uma reunião com a Casa Civil, em que o Governo do Estado manifestou o seu interesse de construir uma saída para essa questão social e econômica”.

O sindicalista afirmou ainda que a mobilização foi apenas o início da jornada. “Agradeço essa grande adesão dos companheiros e companheiras e vamos seguir na luta para conquistarmos a vitória, que é a garantia do trabalho digno. Porque, hoje, se existem pessoas que estão coletando areia de maneira ilegal, a fiscalização deve ser aumentada para que se garanta o emprego decente para essas centenas de trabalhadores e trabalhadoras que querem sustentar suas famílias”, concluiu chamando todos os participantes da manifestação para a luta.

O presidente do Sinflumar, Valdez Oliveira, abordou a gravidade da situação que já se instaura dentro da casa dos trabalhadores paralisados. “Nós, fluviários, sabemos que areia no mercado é fundamental. Mas, como presidente do Sindicato laboral, nos preocupamos primeiro com o pão na mesa dos familiares de cada um dos trabalhadores. Sabemos que a lei existe para ser cumprida, mas tanto quando a lei tem que funcionar a fiscalização. O nosso sindicato sempre defendeu o meio ambiente, as nossas embarcações quando estão navegando é porque passaram por uma fiscalização rigorosa. Pouca gente não tem noção da importância do nosso trabalho. A nossa categoria aqui reunida só pede uma coisa a essa Casa e às autoridades responsáveis: resolvam logo essa situação porque não temos mais muito tempo para resistir desempregados. Não devemos ser punidos por erros que a nossa categoria não cometeu. O grande problema da nossa atividade é que ela é diferenciada, pois o trabalhador depende da navegação. E se não tem navegação, não há mercado para acolher os trabalhadores. Com a proibição da atividade, por força de uma liminar, já temos cerca de 180 desempregados até hoje (5/6)”, alertou.

Encerradas as manifestações no Auditório Dante Barone, uma comissão formada por deputados, dirigentes e sindicalistas se dirigiu ao Palácio Piratini, onde foi recebida pela Secretária adjunta da Casa Civil, Mari Perusso, e pelo Secretário adjunto do Meio Ambiente, Luís Fernando Perelló.

Guiomar Vidor foi um dos integrantes da comissão e falou sobre o motivo da CTB estar diretamente ligada à mobilização. “Estamos acompanhando esse processo desde o princípio e temos conseguido buscar o diálogo com todos os setores envolvidos. A nossa categoria que está sendo prejudicada já soma mais de 600 trabalhadores. Depois com o reflexo no comércio e na construção civil, isso se amplia para milhares no Rio Grande do Sul. Na reunião que tivemos com o secretário do Meio Ambiente, nos foi afirmado que não há problemas na dragagem de areia nos locais que já foram permitidos e autorizados. O problema é que estão sendo feitas retiradas fora disso. Nós sabemos que existem interesses distintos que fazem uma prospecção ilegal. Para corrigir isso, nós precisamos ampliar a fiscalização, botando a Brigada Militar, a Marinha, a Polícia Federal, para que se garanta a continuidade do trabalho e daquilo que já foi permitido. Todos os atores sociais estão a favor de que se faça tudo dentro da lei, exceto o judiciário. Por isso, vamos nos reunir amanhã com a juíza que está comandando esse processo. Os trabalhadores não querem, de maneira nenhuma, prejudicar o meio ambiente. Eles querem trabalhar dentro da lei e com a garantia de que seus empregos serão mantidos. Esse que é o objetivo da CTB juntamente com o Sinflumar”, esclareceu o presidente da CTB-RS.

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A secretária adjunta da Casa Civil, Mari Perusso, explicou que a ação que proíbe a extração de areia do rio Jacuí surgiu em 2006 e foi criada a partir da denúncia de uma ONG. Afirmou ainda que o Governo do Estado já está tomando providências a fim de resolver os entraves. “Estamos ouvindo todos os órgãos de controle e trabalhando extenuantemente. Também pedimos uma audiência com a juíza, em que vamos apresentar um conjunto de ações para resolver a questão emergencial e um conjunto de ações para a questão de médio e longo prazo. Porque não podemos correr o risco de apresentar uma questão emergencial e o poder judiciário entender que é apenas mais uma questão e não avaliar do ponto de vista do meio ambiente e dos trabalhadores. Estamos muito preocupados com todo esse entrave, afinal atinge os trabalhadores que são de uma classe com remuneração baixa e depois o impacto que tem em toda a cadeia, como as obras da Copa”.

A secretária pediu que a Assembleia Legislativa siga acompanhando de perto o processo e deu garantias à comissão. “O Estado vai intervir para apresentar soluções, o mais rápido possível. Queremos resolver essa questão para que as empresas autorizadas e seus trabalhadores voltem a suas funções, contudo precisamos apresentar para a justiça um plano de trabalho legal”, finalizou.

Fonte: CTB-RS

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