CTB-MG e dezenas de entidades declaram apoio ao Sinpro Minas em ato virtual

Por CTB-MG com informações do Sinpro-MG

Uma iniciativa do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) reuniu, nessa quarta-feira (3/3), representantes de entidades estudantis, sindicais, setores educacionais e parlamentares num ato virtual em apoio ao Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro Minas). Dezenas de instituições declararam solidariedade à luta do sindicato pela preservação da saúde e da vida dos professores durante a pandemia e criticaram os ataques feitos por donos de escolas e pelo sindicato patronal.

A presidenta do Sinpro Minas, Valéria Morato, agradeceu o apoio de todos e falou sobre a pressão que os professores têm enfrentado, por parte dos donos de escolas, para que as atividades presenciais sejam retomadas. A CTB-MG também agradece o apoio e reitera a sua disposição de luta pela vida.

“Os empresários do setor e o sindicato patronal têm nos atacado muito, mas continuaremos firmes. Todos queremos o retorno às aulas presenciais, porém com segurança. Sabemos da importância delas para o aprendizado e para a educação e como o modelo atual, de educação virtual, tem sido extenuante. No entanto, neste momento o retorno é inviável. Os dados mais recentes mostram de forma inequívoca o descontrole da pandemia. Por isso defendemos a vacinação ampla e em massa, a inclusão dos professores no grupo prioritário e a manutenção do auxílio emergencial e de preservação dos empregos”, defendeu Valéria Morato.

A presidenta do Sinpro Minas também falou sobre as ações encaminhadas para preservar direitos trabalhistas da categoria, como a assinatura de acordos emergenciais, e destacou que neste momento a prioridade é a luta pelo direito à vida. “Temos conversado com prefeituras em todo o estado para tratar do protocolo de retorno e da inclusão dos professores no grupo prioritário de imunização. Apesar dos constantes ataques por parte do patronal, os professores têm compreendido a nossa defesa da vida, mas não podem se manifestar publicamente, pois temem ser demitidos. Recebemos inúmeras mensagens e ligações de respaldo ao nosso trabalho em defesa da vida e da saúde da categoria”, revelou.
Para a professora da Faculdade de Educação da UFMG Analise da Silva, a preocupação dos donos de escolas é apenas econômica. “O setor privado diz que as crianças estão abandonadas e que precisamos colocá-las nas escolas. No entanto, eles estão preocupados apenas com os números, com a parte financeira”, criticou a docente, que também coordena o Fórum Estadual Permanente de Educação (FEPEMG).

Durante o ato, alguns participantes ressaltaram que o retorno às aulas presenciais aumenta a circulação das pessoas nas cidades, o que favorece a maior proliferação do vírus para além do ambiente escolar. “Manter as escolas fechadas hoje é uma defesa da vida, não somente de professores, mas de toda a sociedade. Todo mundo quer voltar às aulas, mas com responsabilidade, não dessa forma, só para garantir o lucro das escolas. Essa não é uma luta só da educação, mas do conjunto da sociedade. Vai interferir em toda a sociedade a reabertura das escolas, vai aumentar a circulação do vírus”, disse Pablo Henrique, diretor do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro).

A professora Fátima Silva, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL), disse que a categoria quer retomar as atividades em sala de aula, mas em um ambiente seguro. “Queríamos estar dentro da escola, mas não queremos viver dentro de um ambiente com o vírus. Insistimos que queremos a vida, e todas as orientações apontam para a necessidade de distanciamento social. O capital é universal, e em todo o mundo o setor privado está pressionando o retorno em função das finanças. Continuaremos em defesa da vida e da vacina pro povo brasileiro e para os trabalhadores da educação”, disse Fátima Silva.

Na avaliação da professora Maria Rosária Barbato, membro da executiva nacional da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e presidenta do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (APUBH), os donos de escolas e o sindicato patronal tentam colocar a sociedade contra os professores e o Sinpro Minas.

“Todos estamos presenciando o recrudescimento da pandemia. Mas, para os que detêm os meios de exploração do trabalho, nenhuma vida importa, desde que seja garantido o lucro. O Sinpro Minas não está tumultuando o direito à educação. Pelo contrário, ele está defendendo o direito à vida de todos. Por isso o saudamos, contem conosco”, disse a professora, para quem toda essa situação é “reflexo de um governo negacionista, antivacina e anticiência”. “Os ataques ao Sinpro não são pontuais. Inserem-se dentro de um projeto neoliberal, contra a democracia, dentro de uma lógica que entende a educação como mercadoria. Continuaremos fortalecendo a luta pela vida, pela saúde e pelos direitos fundamentais do povo. Em momento nenhum o lucro deve prevalecer em relação à vida”, destacou Maria Barbato.

Para o professor Décio Braga, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e do Sinpro Minas, o quadro atual é resultado da falta de ação e de planejamento do governo Bolsonaro. “Vivemos hoje o pior momento da pandemia não é por menos. É fruto dessa falta de gestão e desse desgoverno, que não agiu adequadamente para conter a expansão da pandemia e ainda estimula aglomerações e coloca em dúvida o uso de máscaras e o isolamento social. Queremos voltar, não tem ninguém gostando dessa situação. Mas queremos voltar com segurança, e não a qualquer custo, porque a vida é uma prioridade”, afirmou Décio Braga.

O ato desta quarta-feira foi organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT MG) e coordenado por Lourdes Jesus, da direção da central sindical. As entidades participantes vão organizar outras ações para promover o debate sobre a importância de manter o distanciamento social e as aulas remotas neste atual momento da pandemia. “O conteúdo a gente recupera, a vida não. Escolas fechadas, vidas preservadas”, disseram os representantes das entidades.