Com atraso, Romeu Zema resolve enfrentar a pandemia em Minas

Por Jota Lacerda – Secretário de Formação da CTB-MG

O programa Minas Consciente, que sugere a retomada gradual das atividades econômicas, é uma das ações implementadas pelo governador Romeu Zema (Novo) no combate à pandemia. A sua aproximação com os prefeitos também é outra medida nesse sentido, no momento em que Minas Gerais vive o seu pior momento na saúde. Como diz o ditado: antes tarde do que nunca.

Nessa quinta-feira (11), o governador tomou outra iniciativa que foi demitir o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. O secretário furou a fila da vacinação ao vacinar-se às escondidas. Como se não bastasse, Amaral autorizou a vacinação de outros 806 servidores da Secretaria de Saúde. Para apurar o caso, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) abriu uma CPI.

Esse é apenas mais um capítulo da falta de planejamento e transparência na área da saúde em Minas. No início da pandemia, o negacionista Romeu Zema (Novo) disse que o coronavírus precisava viajar pelas regiões do estado. Hoje, são os mineiros que precisam “viajar” para outros estados em busca de leitos de UTI. Muitos, infelizmente, não voltarão.

Na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, centenas de pacientes foram transferidos para cidades do interior de São Paulo, como Ribeirão Preto e Franca.

Cidades como Sete Lagoas e Ouro Preto estão com 100% dos leitos ocupados. Já em Belo Horizonte, a ocupação de leitos de UTI para pacientes com Covid-19, tanto na rede pública como privada, é de 85,3%. A capital está em alerta máximo.

No restante do estado, os mineiros vivem um verdadeiro caos. Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), nessa terça-feira (09), o estado totaliza 928.402 casos e 19.604 mortes.

Os números de mortes e infectados em Minas mais que dobraram este ano em relação ao pico de 2020. As mortes por dia aumentaram 112,4% e os casos confirmados subiram 131,4%.

Perdido em meio ao colapso da saúde no estado, Romeu Zema tenta esquivar-se das suas responsabilidades. Mas o fato é que faltou competência e investimento na área.

Minas Gerais foi o estado que menos investiu na saúde em 2020, ano de início do coronavírus no Brasil. Zema investiu apenas 10,75% dos impostos arrecadados nessa área, enquanto a Lei determina 12% do orçamento.

No plano federal, R$ 80 bilhões da verba da Covid ficaram parados em 2020 e parte segue represada. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo e ajuda a entender o porquê dessa tragédia sanitária vivida pelos brasileiros. Faltam vacinas e até respiradores.

Capacho do presidente Jair Bolsonaro, Zema foi o único governador do Sudeste que não assinou uma carta escrita por outros governadores contra as informações falsas divulgadas por Bolsonaro em relação à pandemia.

Cada vez mais isolado politicamente, o governador de Minas não tem diálogo sequer com a Assembleia Legislativa do Estado (ALMG), onde é visto como “submisso” ao governo Federal.

O resultado é que hoje, uma em cada quatro cidades mineiras tem toque de recolher para conter o Covid-19. Pelo menos 213 municípios (25% do total), que concentram 5,1 milhões de habitantes (cerca de um quarto da população), vivem essa realidade.

Apesar disso, as propagandas veiculadas pelo Partido Novo, legenda do governador, mostram outra realidade. Nada mais falso, assim como o próprio partido que, de novo, não tem nada. Basta ver a sua agenda neoliberal. Se pudessem, já teriam privatizado até o SUS.

A luta pela vacina e o auxílio emergencial está na ordem do dia, mesmo com o boicote de Zema e Bolsonaro.

Juntos, venceremos!