Caminhada encerra programação do Movimento Outubro Rosa no Ceará

Um dos principais resultados do Movimento Outubro Rosa é o despertar. Na manhã do próximo domingo, dia 3 de novembro, parte da orla marítima de Fortaleza será tomada pela cor rosa. São as mulheres e apoiadores da luta contra o câncer de mama que sairão em caminhada vestidos com a camisa do Movimento Outubro Rosa e ainda carregando no peito o laço rosa, símbolo mundial da luta contra a doença.

Com apoio da Secretaria da Saúde do Estado, a caminhada encerra a programação, cheia de ações e atividades, do Outubro Rosa Ceará 2013. A concentração será às 7 horas, no aterro da Praia de Iracema e vai até a Praça dos Estressados. A caminhada chama a atenção para a promoção da saúde, pra a qualidade de vida.

A programação encerra após um mês de intensas e permanentes ações de mobilizações coletivas, em boa parte das mulheres o cuidado com a própria saúde, em especial da saúde da mama. No cuidado, o foco foi a consciência de que o diagnóstico precoce do câncer de mama é o melhor remédio a partir de informações e orientações que foram feitas em praças, escolas, empresas, unidades de saúde. As mulheres não devem deixar de fazer a mamografia uma vez por ano, principalmente quando chegam aos 50 anos.

Medo do diagnóstico

“Mais de um ano atrás pensei que minha vida tinha acabado. Ser diagnosticada com câncer de mama aos 36 anos, no auge da minha feminilidade, é devastador. Hoje, ainda em tratamento, enxergo a vida de outra maneira. Com mais ânsia, é verdade, porque encaramos mais de frente o conceito de finitude. Com mais responsabilidade e, de certa forma, até com mais leveza. O câncer tem essa capacidade de nos mostrar como somos fortes para aguentar a adversidade. Dito isso, faço mais uma ponderação. O Outubro Rosa não é apenas mais um movimento símbolo. É uma bandeira. Uma maneira de mostrarmos que vale a pena, apesar do sofrimento, viver o nosso dia de cada vez. São milhares de mulheres encarando com altivez a mutilação de seu corpo. São milhares de pessoas apoiando a nossa dignidade. É o nosso momento. A nossa luta”. (Adriana Oliveira, 37 anos, há um ano e meio lutando contra um câncer de mama)

Assim como Adriana, muitas mulheres serão, ainda este ano, diagnosticadas com a doença. Segundo o coordenador do Comitê Estadual de Controle do Câncer e diretor do Grupo de Educação e Estudos Oncológicos (GEEON), Luiz Porto, são esperados, no Ceará, cerca de 1800 novos casos de câncer de mama. “Nós temos uma incidência de 53 casos por 100 mil habitantes no Ceara. Os Estado Unidos têm o dobro, 126 casos por 100 mil habitantes, porque lá a população envelheceu mais e também sofre mais com problemas de obesidade”, explica.

Um dos principais desafios para combater a doença é vencer o medo. Conforme o mastologista, a mulher ainda tem muito medo de fazer os exames preventivos. “Ela tem medo de descobrir que tem câncer. Depois tem medo do tratamento. De cair o cabelo. Da dor. Da cirurgia. De perder a mama e por aí os medos vão somando”, afirma. A maior arma contra a enfermidade é o diagnóstico precoce, o que segundo ele, aumentou bastante, se, comparado ao passado. Ainda assim, o receio feminino é um entrave ao trabalho preventivo.

“As pessoas ainda não procuram exames preventivos. Das 315 mil mulheres, acima de 50 anos, que precisam fazer mamografia, apenas 120 mil fizeram o exame em 2012, o que foi um avanço em relação a 2008, onde apenas 8500 mulheres fizeram a mamografia. Mesmo assim, em 2012, 180 mil mulheres não buscaram fazer o exame. E temos mamógrafos suficientes na rede pública para atendê-las. Mas temos que vencer o medo do diagnóstico”, diz o médico.

De 2007 para cá o número de mamógrafos na rede pública do Ceará aumentou de 22 para 48. Com essa quantidade, conforme Luiz Porto, o Estado tem capacidade de realizar 480 mil mamografias por ano pelo Sistema Público de Saúde (SUS), bem acima dos 315 mil exames previstos para atender as necessidades da população de mulheres do Ceará com mais de 50 anos de idade. “Com esse aumento de aparelhos de mamografias o problema deixou de ser a dificuldade de acesso. Temos ainda muita desinformação, que assusta as mulheres. Esse medo leva a adiarem o exame e a receberem um diagnóstico tardio, com menos chances de cura”, destaca o médico.

“Adiei ao máximo a ida à mastologista, mesmo sentindo um caroço duro no meu seio. Quando, enfim, a visita à médica não pode ser adiada, fui com medo. Mas acreditava ainda que o diagnóstico de câncer de mama seria inviável por causa da minha idade e também por não ter histórico de câncer na família. Contra todas as probabilidades que são alardeadas por aí, eu fui diagnosticada com a doença. O medo aqui não me ajudou. Poderia ter detectado mais cedo, em sua fase inicial. Hoje, insisto com as minhas irmãs e amigas para que elas façam todos os exames preventivos. A doença está aí e ela não vem para brincar. Precisamos de mais informações. Aliás, precisamos abrir nossas mentes e corações, sem medo e restrições, para compreender e combater o câncer. A informação e a fé são nossas aliadas”, Adriana Oliveira.

Em tempo

Dos 26 novos mamógrafos que atendem pela rede pública, 10 estão nas 10 policlínicas regionais (Camocim, Baturité, Tauá, Acaraú, Sobral, Aracati, Brejo Santo, Campos Sales, Pacajus e Russas). Juntas, já realizaram 16.165 mamografias, até o último dia 30 de setembro. Além dos mamógrafos que funcionam nas policlínicas, foram adquiridos outros mamógrafos para unidades e instituições parceiras que atendem pelo SUS. Um mamógrafo novo foi instalado no Instituto de Prevenção do Câncer (IPC) e outro no grupo de Educação e Estudos Oncológicos (GEEON).

Fonte: Agência da Boa Notícia

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