Banese descumpre prazo para concurso feito no Ministério Público do Trabalho

Venceu na última quinta-feira, dia 30, o prazo acertado entre o Banco do Estado de Sergipe – Banese – e o Sindicato dos Bancários de Sergipe –SEEB/SE –, para a realização do próximo concurso público da instituição. Muito necessário, visto que nos últimos quatro anos, houve uma evasão de mais de 300 funcionários no Banese, entre aposentadorias e pedidos de demissão. Ainda assim, o banco não tem maiores definições sobre a realização dele, mesmo tendo se comprometido com o Ministério Público do Trabalho a fazê-lo antes do fim do prazo.

Para o Sindicato dos Bancários, a única justificativa de toda esta indefinição é a de que o banco está querendo substituir os concursados por terceirizados. “A direção do banco se comprometeu na Justiça do Trabalho a realizar concurso, mas até agora não tomou a iniciativa. A validade do último concurso, realizado em 2007, venceu em 2009. A direção do Sindicato sugeriu que fosse prorrogado, mas a então diretoria não concordou, diferentemente das do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, que concordaram com a prorrogação”, lembra José Souza, presidente de Sindicato.

Mesmo com toda a defesa do Sindicato para que o Banese continue um banco público, aos poucos ele demonstra sinais de privatização. “Começou com a transformação dos Postos Banese em Pontos Banese, depois foi criada a Central de Malotes para cuidar da Conta Única do Estado, administrada pela Sergipe Administradora de Cartões – Seac”, denuncia José Souza, presidente do Sindicato.

A Sergipe Administradora de Cartões é o mesmo que Banese Card. Apesar do nome, ela é uma empresa privada que, segundo o Sindicato dos Bancários, está abocanhando e terceirizando todos os serviços do Banese. Para o SEEB/SE, o Banese está sendo engolido pelo Banese Card. E a precarização dos serviços é decorrente da falta de funcionários para executá-los.

ENQUANTO ISSO
No mês de maio, o sistema de automação do Banese ficou fora do ar durante um dia inteiro. O problema gerou um corre-corre entre o pessoal de TI (Tecnologia da Informação), porque paralisou toda a movimentação eletrônica na rede bancária desde as 9h45 da manhã.  Para o Sindicato, a pane foi culpa da terceirização.

“O Banese possui profissionais qualificados em TI, mas preferiu terceirizar os serviços de tecnologia. O Banco de Dados agora é de responsabilidade dos terceirizados. O diretor de Administração do banco, Rodrigo Corumba, começa a colher os frutos da terceirização”, afirma o diretor do Sindicato dos Bancários e funcionário do Banese Edson Moreira.

O Sindicato já apresentou denúncia ao Ministério Público Estadual contra a terceirização no banco. Na época, a promotora de Justiça Euza Missano agilizou uma Ação Civil Pública, encaminhou para a Justiça, mas desde fevereiro do ano passado o processo está nas mãos da juíza da 18ª Vara Cível, Elvira Maria de Almeida. “Transferir as atividades do banco estadual para o BaneseCard, que é uma empresa privada, é um crime. Esperamos que os serviços terceirizados para o BaneseCard retornem ao banco”, cobra José Souza.

Recentemente, a direção do Sindicato retardou em duas horas o funcionamento no CPD do Banese. O objetivo foi justamente para cobrar o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2010/2011, com destaque para a exigência de uma nova política de pessoal no banco, que acelere a implementação de um novo Plano de Cargos e Salários (PCS) e a convocação do concurso público.

“Correspondente bancário é um tipo de banco de segunda categoria, inventado pelos banqueiros para atender mal o grosso da população. Além disso, é perigoso, pois funcionam em locais desprovidos da segurança que dispõe uma agência bancária normal. Portanto, o local para se resolver problema financeiro com segurança é num estabelecimento bancário”, reafirma José Souza.

RESPOSTA
Procurado pelo Cinform para responder às acusações do Sindicato dos Bancários, Édivam Clinger, gerente de Marketing do Banese, informou que o edital para o concurso em questão deve sair até o final do ano. “Já pegamos as propostas das empresas organizadoras de concursos e estamos em fase de avaliação para contratar uma delas. Paralelo a isso, estamos analisando as necessidades da instituição quanto ao número de pessoas a serem contratadas. Mas de certo a seleção ocorrerá para formação de reserva”, explicou.

Segundo o gerente de Marketing, é provável que o número de convocados siga a média de outros concursos do banco, a exemplo do certame de 2004, que chamou mais de 300 pessoas. “É mais um passo para a fase de crescimento e consolidação do banco”, justifica Clinger. Como se não fosse uma imposição do MPT.

Édivam Clinger complementa afirmando que a hipótese de privatização levantada pelos bancários está afastada, e garantiu que a ampliação de postos de atendimento através de correspondentes bancários, como o Ponto Banese, é uma tendência do segmento bancário. Mas abrir novas agências, que é bom, já faz um bom tempo que o banco genuinamente sergipano não abre.

Matéria publicada no Jornal Cinform de segunda-feira, dia 4

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