Bancários permanecem em greve na Paraíba nesta segunda-feira

Em assembléia de avaliação do terceiro dia de greve nos bancos, realizada na noite desta sexta-feira (10/10) no auditório do Sindicato dos Bancários da Paraíba, os bancários decidiram, em ampla maioria, prosseguir com a paralisação durante a próxima semana. Até o momento, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) ainda não apresentou nenhuma proposta salarial acima de 7,5% de aumento. A Federação também não se dispôs a negociar as demais reivindicações da categoria, como Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e vale-alimentação no valor de R$ 415.

"A greve está apenas começando, chegou ao seu terceiro dia hoje (sexta-feira). Os banqueiros não costumam fazer propostas logo no começo, eles pagam para ver o tamanho da mobilização, para aí sim apresentarem alguma proposta", tranqüilizou o presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba Lucius Fabiani.

Com exceção de algumas agências do Bradesco e do Itaú, que funcionaram parcialmente no período da tarde desta sexta-feira, todas as agências dos demais bancos permaneceram fechadas durante o terceiro dia da greve na Grande João Pessoa.

Algumas agências do Itaú e do Bradesco conseguiram abrir a partir das 13h por força de medidas jurídicas. Um dos advogados do primeiro banco chegou a convocar a tropa de choque da Polícia Militar para intimidar o movimento pacífico da categoria na agência da Duque de Caxias, localizada no Centro da capital.

"O que os bancários fizeram para ter todo aquele policiamento no local? A tropa de choque deve ter se sentido literalmente chocada por se deslocaram para lá para evitar um confronto e ao chegarem não encontraram absolutamente nada", declarou o bancário aposentado Otávio Ivson.

O assessor de imprensa do Sindicato dos Bancários também afirmou que ninguém impediu a população de entrar nos bancos. "Eles deviam assegurar o direito do povo na hora de fazer um empréstimo com juros compatíveis com a nossa economia, ou garantir que o cidadão enfrentasse apenas 20 minutos de espera nas filas, sem perder horas por isso. Deviam defender também o cidadão bancário, para que ele pudesse trabalhar sem pressão, sem doenças, sendo gente", reivindicou.

O Itaú entrou com uma ação de interdito proibitório junto à Justiça com o objetivo de recuperar a posse das agências. Porém, segundo o diretor do Sindicato dos Bancários da Paraíba Jurandi Pereira Filho, o objeto da greve não tem como finalidade se apossar dos prédios agência, o que torna o instrumento inadequado para as questões que envolvem capital x trabalho.

"Esse é um artifício muito usado pelos banqueiros, com a complacência do Poder Judiciário, para forçar uma intervenção judicial totalmente infundada para o caso", entendeu o advogado, que também é bancário do Banco do Brasil.

Jurandi Filho ainda destacou que o juiz Josivaldo Félix, da 1ª Vara Cível da Capital, que concedeu liminar para o funcionamento do Itaú, não tem competência para julgar esse tipo de ação. Ele informou que o Supremo Tribunal Federal, julgando o recurso extraordinário n° 579648, decidiu recentemente que a competência para julgar esse tipo de conflito é exclusiva da Justiça do Trabalho.

"O Sindicato vai agravar da decisão junto ao Tribunal de Justiça da Paraíba levantando um preliminar de incompetência absoluta da Justiça Comum", comunicou o diretor de Assuntos Jurídicos do Seeb-PB.

O banco Bradesco também entrou no início da semana com um pedido de liminar, dessa vez, na Vara do Trabalho, mas não conquistou a medida por não provar que os bancários estavam dificultando o acesso às agências. Hoje, os advogados entraram com um mandado de segurança junto ao Tribunal Regional do Trabalho e o relator entendeu monocraticamente (sozinho) de conceder a liminar que garantiu o funcionamento do banco após as 15h.

"Vamos tentar derrubar essas medidas judicialmente. Elas já eram esperadas e fazem parte de qualquer campanha salarial. Não podemos é baixar nossas cabeças para pessoas que em todas as greves se juntam para tentar enfraquecer o nosso movimento", disse Fabiani.

Além dessas medidas, o procurador do Trabalho Eduardo Varandas ajuizou ação civil pública para garantir o abastecimento dos caixas eletrônicos, textualmente idêntica à ajuizada durante a greve dos bancários de 2004, que inclusive resultou em uma representação do Sindicato contra o procurador junto ao Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho.

"Não comparecemos à audiência marcada para as 10h desta sexta-feira com vistas à assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), uma vez que fomos informados por volta das 9h15 que a ação já havia sido foi ajuizada desde as 9h, portanto, uma hora antes", justificou Jurandi Filho.

O advogado ainda reforçou que não é responsabilidade do Sindicato dos Bancários garantir a reposição de nenhum caixa eletrônico, já que a entidade não detém nem o dinheiro nem o segredo dos cofres das agências bancárias. "Isso é responsabilidade dos bancos", explica.

O departamento jurídico da entidade já tratou de recorrer de todas as ações e na próxima segunda-feira, 13 de outubro, promete entrar com as medidas cabíveis.

Fonte: Seeb Paraíba

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