Nove em cada 10 criticam novo auxílio e maioria diz faltar dinheiro para sobreviver

Publicado 14/05/2021
87% dos brasileiros avaliam que benefício é insuficiente, aponta Datafolha
Quase nove entre cada dez brasileiros avaliam que o valor do novo auxílio emergencial pago pelo governo federal é insuficiente, segundo pesquisa Datafolha realizada nesta semana, entre os dias 11 e 12 de maio.
Significativamente menor na comparação com o que foi disponibilizado em 2020, a nova rodada do auxílio, prevista para o período entre abril e agosto, é considera insuficiente por 87% dos brasileiros com mais de 16 anos.
O novo auxílio pagará entre R$ 150 e R$ 375 a 45,6 milhões de beneficiários, valores com o qual não se compra sequer uma cesta básica, cujo valor em São Paulo ascendeu a R$ 626,00 em março deste ano, segundo o Dieese.
Cortes neoliberais
O gasto total previsto pelo governo é de R$ 44 bilhões, equivalente a apenas 15% do que foi desembolsado em 2020. O corte decorre da política fiscal neoliberal do governo, que hoje constitui o maior obstáculo ao desenvolvimento nacional e ao bem estar do povo.
Iniciada somente após o trimestre mais letal da pandemia da Covid-19 no Brasil, entre janeiro e março deste ano, a nova rodada é considerada satisfatória por apenas 10% da população —outros 3% acham o montante mais do que suficiente.
No ano passado, o auxílio emergencial vigorou entre abril e dezembro, somando R$ 293 bilhões destinados a 66 milhões de brasileiros. As parcelas iniciais foram de R$ 600 (chegando a R$ 1,2 mil para mães chefes de família. Depois o auxílio foi rebaixado a R$ 300.
É bom lembrar que o presidente recuperou popularidade na primeira rodada do auxílio emergencial, embora a oferta inicial do Ministério da Economia tenha sido de míseros R$ 200,00. O Congresso acabou aprovando o auxílio de R$ 600,00 e a mobilização das centrais sindicais e dos movimentos sociais foi decisiva neste resultado.
Após o rebaixamento do valor do auxílio, e especialmente depois da sua suspensão como presente de Ano Novo do Planalto, a popularidade de Bolsonaro começou a desabar e este processo foi também alavancado pelo agravamento da crise sanitária e o colapso em Manaus, acontecimentos associados ao negacionismo e à conduta errática do governo.
Pobreza em alta
Entre os que receberam o auxílio em 2020, quase 90% consideram o valor deste ano insuficiente. Segundo o Datafolha, menos da metade (49%) das pessoas que receberam o auxílio no ano passado o fizeram neste ano.
O valor real do benefício é ainda comprometido pela inflação, sobretudo de alimentos, que disparou no ano passado e seguiu alta neste primeiro trimestre, influenciada fortemente pela fragilidade do real e instabilidade cambial.
Com o fim abrupto, no início deste ano, do auxílio emergencial mais robusto de 2020, o efeito sobre os mais pobres foi imediato. Houve súbito aumento da taxa de pobreza e o encolhimento da chamada classe C.
Segundo dados da FGV Social, o Brasil tem hoje 35 milhões de pessoas na pobreza extrema, ou 16% da população vivendo com menos de R$ 246 ao mês. Em 2019, eles somavam 24 milhões, ou 11% do total.
Desde agosto do ano passado, ápice do pagamento do auxílio emergencial, quase 32 milhões de pessoas deixaram a classe C (renda domiciliar entre R$ 1.926 e R$ 8.303) em direção às D/E ou à miséria.
O Datafolha também aferiu que 55% dos brasileiros consideram insuficiente ou muito pouco o que eles e seus familiares ganham atualmente para sobreviver.
O percentual salta a 71% entre aqueles com renda familiar mensal até dois salários mínimos (R$ 2.200) —e que constituem a maioria (57%) das famílias brasileiras, segundo o perfil da amostra do Datafolha.
Política e economia
Em agosto do ano passado, no auge do pagamento do auxílio emergencial, a aprovação do governo atingiu 37%, melhor taxa desde o início do mandato. Na pesquisa desta semana, seu índice de ótimo/bom recuou a 24%, a pior marca.
Além de estar pagando um auxílio menor, Bolsonaro enfrenta uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que foi instalada no Senado para apurar sua responsabilidade nas cerca de 430 mil mortes pela Covid-19 no país e uma situação econômica calamitosa.
Para esses e outros resultados, o Datafolha realizou 2.071 entrevistas presenciais em 146 municípios de todo o Brasil, sendo de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, a margem de erro do levantamento.
Vale registrar comentário de um leitor da Folha:
“Brasileiros pobres têm de se contentar com menos do mínimo para comer, enquanto o inominável insano e demais mandriões do Planalto têm seus ´patrióticos´ contra-cheques majorados acima de 60%. Como ousam?”
Com informações da FSP
Se inscreva no nosso canal no YouTube /TVClassista