Maioria das empresas mineiras é a favor de manter o trabalho em casa

Publicado 09/06/2020
A maioria dos empresários mineiros que implantaram o regime de trabalho remoto durante a pandemia do coronavírus é favorável à continuidade da modalidade de maneira integral, conforme levantamento realizado pela Câmara Americana de Comércio de Belo Horizonte. Nada menos que 51% dos entrevistados pretendem manter o home office após o fim da pandemia, enquanto 48% defendem um modelo híbrido, em que parte da carga horária é cumprida na empresa e outra, em casa.
Apenas 1% dos empresários é contrário ao teletrabalho. Participaram da pesquisa 170 gestores que atuam em Minas, em segmentos como indústria, tecnologia e serviços, participaram da pesquisa.
O coordenador regional da Amcham-BH, Matheus Vieira Campos, disse que a redução de custos, seja com transporte, energia e estruturas físicas, é a principal vantagem do modelo de home office para os empresários, mas vê também ganhos para a qualidade de vida dos trabalhadores. “Eles ganham em tempo de deslocamento, que pode ser usado para a prática de atividades físicas, para estar perto da família ou se capacitar, e tem também a questão da flexibilidade do horário”, afirmou ao jornal O Tempo. “Além das mudanças operacionais com a transição do trabalho presencial para o remoto, o novo cenário vai exigir dos gestores sabedoria para conduzir uma reestruturação de processos e estratégias”, acrescentou.
Muitas empresas já demonstraram interesse em manter o home office. A direção do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), do Estado, já adiantou que após o fim da pandemia pretende manter parte de seus funcionários trabalhando em casa. A imobiliária digital QuintoAndar deixou a escolha na mão dos funcionários: aqueles que preferirem o formato de trabalho remoto vão poder atuar de casa de maneira definitiva. A Zee.Dog, empresa de produtos para animais de estimação, já informou que, mesmo após o fim da pandemia, os colaboradores vão poder trabalhar à distância. Os funcionários do Twitter também não vão precisar mais de voltar aos escritórios.
Outras empresas já decidiram dar continuidade ao trabalho remoto pelo menos até o fim deste ano. É o caso do Nubank, que enviou à casa dos funcionários equipamentos como computadores, monitores, teclados e cadeiras ergonômicas de escritório, para facilitar a adaptação. “Provamos que somos capazes de operar e permanecer produtivos mesmo com o distanciamento social”, disse o fundador e CEO do banco, David Vélez, em nota.
Em uma pesquisa realizada internamente pela Tim, 98% dos funcionários disseram que querem atuar de casa pelo menos uma vez por semana, mesmo em um cenário de normalidade, e 90% adotariam a modalidade duas vezes por semana ou mais. Já a pesquisa feita pela Oi com mais de 11 mil funcionáfrios em home office apontou que 78% deles têm interesse em continuar trabalhando em casa. O levantamento apontou, ainda, que o modelo não resultou em queda de produtividade: 38% dos entrevistados afirmaram que o desempenho melhorou no período.
Pesquisa do Ipea
Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada na última semana, aponta que 22,7% dos empregos no Brasil podem ser realizados inteiramente em casa, o que significa que o home office pode ser adotado por cerca de 20,8 milhões de pessoas.
Minas Gerais ocupa a 12ª posição no ranking dos Estados em percentual de teletrabalho potencial, com 20,4% dos empregos viáveis para home office. O Distrito Federal apresenta o maior percentual de teletrabalho potencial (31,6%) do país, e o Piauí, o menor (15,6%).
Ainda segundo o estudo, algumas ocupações são mais passíveis de trabalho remoto do que outras. Entre profissionais das ciências e intelectuais, o potencial é de 65%, e entre diretores e dirigentes, de 61%. Por outro lado, operadores de instalações e máquinas e montadores não têm potencial para teletrabalho.
Segundo os pesquisadores, “as perspectivas da retomada das atividades econômicas após a pandemia devem levar em conta as novas modalidades de trabalho que emergiram de forma marcante no período de isolamento e que, muito provavelmente, serão mais utilizadas”.