Desindustrialização em marcha: produção do setor recuou 1,1% em 2019

Publicado 04/02/2020 - Atualizado 04/02/2020
A produção industrial brasileira terminou 2019 com declínio acima da expectativa em dezembro e fechou 2019 em queda: -1,1%. O resultado, divulgado nesta terça-feira (4) pelo IBGE, reflete o processo de desindustrialização da economia, que é apontado por muitos economistas como a principal causa do pífio desempenho do PIB ao longo dos últimos anos, incluindo 2019 quando o incremento do produto ficou próximo de 1%.
A desindustrialização, ao lado das reformas na legislação trabalhista, também tem a ver com o cenário desalentador do mercado de trabalho, marcado pelo desemprego em massa, o avanço da informalidade, da precarização das relações de produção e dos baixos salários. A indústria de transformação não é só o setor mais dinâmico da economia, destacando-se como principal força motriz do crescimento econômico. Também gera postos de trabalho de maior qualidade e melhor remuneração em comparação com os setores terciário (serviços) e primário (agricultura).
As perdas no ramo extrativo decorrentes do rompimento da barragem em Brumadinho e a redução das importações argentinas impactaram negativamente o comportamento do setor, mas a ausência de uma política de defesa da indústria nacional, o abandono do conteúdo local, as privatizações e o ajuste fiscal são as causas mais estruturais e profundas da desindustrialização.
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Dezembro
Em dezembro, a indústria registrou queda de 0,7% sobre o mês anterior. O resultado, que surpreendeu muitos analistas, marcou o segundo recuo seguido após queda de 1,7% em novembro, e foi o mais fraco para dezembro desde 2015.
Sobre dezembro de 2018, houve perda de 1,2% na produção, contra projeção de queda de 0,8%. Assim, 2019 terminou com corte na produção de 1,1%. No quarto trimestre, a produção apresentou alta de 0,2% sobre os três meses anteriores, mas o ano foi marcado por instabilidade, com ganho de 0,1% no terceiro e perdas de 0,6% no segundo e de 0,2% no primeiro.
De acordo com os dados do IBGE, a categoria econômica que registrou as maiores perdas no ano foi Bens Intermediários, de 2,2%, seguido da queda de 0,4% na produção Bens de Capital, que sinaliza recuo dos investimentos produtivos. O único ganho foi registrado por Bens de Consumo, de 1,1%.
Umberto Martins, com informações das agências