Com 200 casos de covid-19, Vale em Itabira (MG) é interditada por fiscais do Trabalho

Publicado 29/05/2020
Nas mãos de capitalistas privados, após a privatização empresa tem se destacado na prática de crimes ambientais e trabalhistas, como foi o caso da tragédia anunciada de Brumadinho (MG), que matou centenas de trabalhadores
Vale afirma que juiz já determinou retorno das atividades da empresa, decisão ainda desconhecida pelos auditores fiscais

Auditores fiscais do Trabalho interditaram, na quarta-feira (27), o complexo minerador da Vale em Itabira (MG) por apresentar quase 200 trabalhadores próprios e terceirizados com teste positivo para covid-19, algo em torno de 9% dos testados. Segundo a auditora fiscal Odete Reis, que participou da inspeção na última segunda, no complexo — onde trabalham cerca de 5 mil pessoas — foram detectadas diversas irregularidades que colocam os trabalhadores em situação de grave e iminente risco.
Em nota, a Vale afirma que tomou conhecimento da interdição e, imediatamente, ajuizou uma ação anulatória com pedido de liminar, o que foi deferido pelo juiz da 2ª Vara de Itabira, determinando a manutenção de todas as atividades da Vale no complexo. Além disso, a empresa afirma que, em todas as suas operações, adotou padrões de segurança e colocou em prática diversas ações para proteger seus empregados.
“A Vale reforça que tem o compromisso de cuidar da saúde e da segurança de seus empregados, observando rigorosamente todos os protocolos exigidos pelo Ministério da Saúde”, diz o texto. Até o fechamento desta matéria, a auditoria fiscal do Trabalho não havia sido notificada sobre essa decisão.
Irregularidades da Vale em Itabira
Uma das irregularidades identificadas pela auditora fiscal é a aglomeração de trabalhadores nas rodoviárias, onde chegam os ônibus da cidade e ficam as vans que levam as pessoas até as frentes de trabalho. O complexo é formado por três minas — Conceição, Cauê e Periquito — e em cada uma delas há uma rodoviária.
“A gente presenciou duas trocas de turno, um por volta das 13h; e, em outra mina, por volta das 17h30. Nesses momentos, os trabalhadores que estão chegando e os que estão voltando das frentes de trabalho, e aí vão bater ponto, vão ao banheiro, vão encher o cantil com água ou pegar o álcool e a flanela para limpar os equipamentos, transitam por ali no mesmo espaço, provocando aglomeração”, conta.
Outra irregularidade encontrada pelos auditores são as vans utilizadas, que não garantem a distância mínima de um metro, recomendada pelos órgãos de saúde. Apesar de ter uma marcação nos assentos que podem ser utilizados, o que é respeitado pelos trabalhadores, segundo Odete, eles ficam cerca de 60 centímetros de distância um do outro.
Exigências
Segundo Odete, entre as exigências apontadas no relatório estão o afastamento imediato de todos trabalhadores, sejam próprios ou terceirizados; a realização de um programa de vigilância epidemiológica, para investigar a concentração de casos; e a manutenção da testagem periódica de todos os empregados e isolamento de casos positivos.
Além disso, a mineradora deve tomar medidas para evitar aglomeração, a exemplo da adoção da prática de turnos escalonados, do aumento do distanciamento dos trabalhadores nas vans e da criação de protocolos sobre a utilização de máscaras e sobre a higienização dos equipamentos e maquinários.
Fonte: BdF Minas Gerais