Arrocho dos salários prosseguiu em abril, conforme o Dieese

Em contraste com as narrativas mentirosas difundidas pelo presidente Bolsonaro e seus asseclas, pelas quais brasileiros e brasileiras vivem hoje no melhor dos mundos, a classe trabalhadora continua sofrendo os impactos da crise sanitária e econômica.

Não só com a taxa recorde de desemprego (14,7% no primeiro trimestre do ano), mas também com a carestia e o arrocho dos salários reais, que prosseguiu para as categorias com data-base nos primeiros meses do ano, conforme levantamento realizado pelo Dieese.

A maioria dos acordos foi fechada com redução do valor real dos salários. Nada menos que 60% dos reajustes salariais de abril foram inferiores a 6,94%, inflação acumulada em 12 meses encerrados em março, expressa no Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE).

Reajustes acima do índice inflacionário foram observados em apenas 17% dos casos; 23% conseguiram repor a perda. A variação real média dos reajustes em abril foi de -1,28% e 50% dos resultados apresentaram perdas salariais iguais ou superiores a 0,58%. No panorama da negociação nos últimos meses, os reajustes de abril revelam a persistência de um quadro desfavorável, que começou a se agravar em outubro de 2020.

A inflação, que no caso expressa uma depreciação do real, subtrai de forma perversa e nem sempre perceptível o poder de compra dos salários, instituindo um crescente hiato entre salário nominal e salário real. Quando os assalariados não conseguem repor as perdas consagra-se o arrocho, como ocorre ao longo dos últimos meses.

O desemprego em massa enfraquece a capacidade de negociação das categorias. A facilidade que os patrões desfrutam para demitir sem justa causa em nosso país deixa os trabalhadores entre a cruz do arrocho e a espada do desemprego e desaconselha mobilizações, como sugere a queda no número de greves em 2020.

Esta é a realidade do povo trabalhador. Jair Bolsonaro vive uma realidade paralela, onde faz sentido considerar que “o Brasil vai indo muito bem”. É a verdade dos banqueiros, que em meio à crise sanitária e econômica continuam celebrando lucros astronômicos, assim como dos modernos latifundiários e grandes capitalistas, nacionais e estrangeiros, que surfam nas ondas da alta da commoditie.

A alta burguesia, que apoiou e segue sustentando o governo Bolsonaro, não tem razões para queixa. Mas não se pode dizer o mesmo em relação à classe trabalhadora, sobretudo jovens sem perspectiva de futuro. A insatisfação que cresce no seio do povo está ganhando corpo e invadindo as ruas. Dia 19 teremos uma nova demonstração disto, provavelmente maior e ainda mais convincente do que em 29 de maio. A conferir.

Acesse a íntegra da análise do Dieese

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