Arrocho dos salários prosseguiu em julho, quando 59% dos acordos foram fechados com reajuste abaixo da inflação

Publicado 24/08/2021 - Atualizado 24/08/2021
A variação real média das correções salariais foi negativa: -1,87%
Na data-base julho, 59% dos 129 reajustes analisados pelo Dieese consagraram perdas salariais, com reajustes inferiores à inflação medida pelo INPC-IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geograϐia e Estatística). Em torno de 25% conquistaram aumento real. Reajustes iguais à inflação foram observados em cerca de 16% dos casos.
A variação real média das correções salariais em julho foi de -1,87%. No ano, reajustes acima do INPC representam 17,5% do total; iguais à inϐlação oficial, 32,2%; e abaixo, 50,3%. A variação real média no ano, até julho, é de -0,71%.
Em 2021, destacam-se as negociações dos proϐissionais da educação e dos metalúrgicos, com aumentos reais em mais de 30% dos casos, e as dos comerciários e dos trabalhadores na construção e mobiliário, com reajustes abaixo do INPC em menos de 25% dos casos.
Funcionalismo tem greves por salário e contra reforma administrativa
Na resistência à ofensiva contra a classe, os trabalhadores e trabalhadoras do setor público se destacaram.
Das 658 greves deflagradas entre julho de 2020 e junho de 2021, 137 (21% do total) foram organizadas pelo funcionalismo público. No último bimestre desse período, no entanto, o número de paralisações realizadas pelos servidores saltou de 25%, em maio, para 36% do total das greves, em junho.
Entre as principais demandas estão: melhores condições de segurança, presentes em 43% das mobilizações, e relacionadas essencialmente à prevenção contra a covid-19. Diferente do início da pandemia, quando os trabalhadores reivindicavam remanejamento dos postos de trabalho, testagens, reforço da limpeza, agora a mobilização é pela vacina.
As demandas envolvem ainda salários e questões políticas, como a reforma administrativa, Funcionalismo tem greves por salário e contra reforma administrativa que mexe diretamente também com os rendimentos e o contrato de trabalho dos servidores (cada item representa 25% da pauta atual), todos temas interligados.
O funcionalismo público está mobilizado contra a proposta de reforma administrativa do governo Bolsonaro, que visa reduzir o Estado brasileiro, privatizar empresas, destruir direitos sociais e dos servidores. Em 29 e 30 de julho, num esforço conjunto, CUT, CSP-Conlutas, CTB, Pública, CGTB, UGT, Força Sindical, Intersindical Central da Classe Trabalhadora, NCST – Nova Central, CSB, Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora, e outras entidades representativas dos funcionalismo, organizaram o Encontro Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Serviço Público, que definiu as seguintes ações, algumas já realizadas e as demais em andamento:
1) Mobilização em Brasília em 03/08
2) Greve do setor público/dia nacional de mobilização – 18/08
3) Ações para mobilizar vereadores e deputados estaduais
a) Audiências públicas nas Câmaras Municipais e deliberação de moções contrarias à PEC 32;
b) Audiências públicas nas Assembleias Legislativas e deliberação de moções contrarias à PEC 32
4) Governadores e Prefeitos Visitas e demanda de posicionamento
5) Campanhas nos meios de comunicação Participação em programas de rádio e TV
6) Campanhas nas mídias sociais e conteúdos on-line
a) Difusão dos materiais da campanha
b) Curtir, compartilhar e seguir as redes da campanha
c) Difusão dos materiais das entidades, sindicatos e centrais sindicais;
d) Elaboração de conteúdos nas bases, criação de redes e canais de comunicação
7) Deputados Federais
a) Pressão sobre os parlamentares;
b) Utilização das redes sociais e de sites como Na Pressão;
c) Campanhas denunciando, nos estados e municípios, os deputados que votam contra os serviços públicos
Fonte: Dieese