Dia da Consciência Negra terá lavagem da estátua de Zumbi em SP

A celebração do 20 de Novembro – Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra será marcada por uma ação simbólica de resistência em São Paulo (SP). Além da tradicional Marcha da Consciência Negra na Avenida Paulista, movimentos sociais e culturais vão realizar, no próximo sábado (20), a lavagem da estátua de Zumbi, na Praça Antônio Prado, no Centro Histórico.

A ação foi idealizada pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), em parceria com Conam, Facesp, UBM, CMB, Chocolatte da Vila Maria, Revista Raça, Unegro e CNAB. Segundo Adilson Araújo, presidente da CTB, a iniciativa é inspirada na experiência do movimento negro da Bahia iniciada em 2008. “Em Salvador, já faz 13 anos que lavamos a estátua de Zumbi no 20 de Novembro. É uma ação de resistência e luta”, explica Adilson, que já presidiu o Sindicato dos Bancários da Bahia.

Em São Paulo, a exemplo do evento baiano, a lavagem da estátua inclui uma programação cultural. As Baianas da Vai-Vai, o sambista Chocolatte da Vila Maria e o rapper Preto W.O. se apresentarão. Em Salvador e no Rio de Janeiro, também estão previstas lavagens dos monumentos a Zumbi.

Principal líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi foi assassinado em 20 de novembro de 1695. Trezentos anos depois, em 1995, a data de sua morte se converteu no Dia da Consciência Negra. Mas São Paulo, a cidade com mais moradores negros do Brasil, ganhou um monumento público a Zumbi apenas em 2016, por iniciativa do jornalista Maurício Pestana, editor da revista Raça. Na época, Pestana era secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial e lançou o edital “Monumento a Zumbi dos Palmares”.

Autor do projeto vitorioso, o artista e militante do moimento negro José Maria dos Santos esculpiu a estátua do líder quilombola em bronze, com 2,2 metros de altura, tal qual a estátua de Zumbi em Salvador. Já a Praça Antônio Prado foi escolhida porque, além de ter abrigado um local destinado ao sepultamento de negros escravizados, era a região da Igreja do Rosário dos Homens Pretos. Uma das primeiras irmandades católicas a permitir a participação de fiéis negros no Brasil, a igreja foi demolida em 1903 e substituída pela Bolsa de Valores (antiga Bolsa do Café, hoje B3).

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil