Vinte anos sem o brilho das luzes de Fellini

Na quinta-feira (31) faz 20 anos que o cineasta Federico Fellini se foi, mas sua obra jamais vai para o esquecimento. Pelo contrário permanece viva em diversos outros cineastas influenciados pelo grande diretor italiano. Ele influenciou gerações de cineastas e juntamente com Eisenstein, Kurosawa, Rossellini, Pasolini, Glauber Rocha, Truffaut, Lynch, Buñuel, Bergman, Orson Welles, Hitchcock, entre outros, ele elevou a sétima arte a níveis jamais vistos.

A obra de Fellini é prsença obrigatória em qualquer antologia cinematográfica, principalmente para quem ama o cinema e anseia por mais para sair da rotina hollywoodiana. Os filmes de Fellini retratam a Itália e os italianos de maneira límpida e honesta. E por ser tão específico tornou-se universal e conquistou uma legião de fãs pela magia de suas películas apresentadas na telona pelo mundo. Seus filmes surgem como referência inclusive no brasileiro O Palhaço (2011), de Selton Mello. Justamente na delicadeza demonstrada em observar a magia da vida na realidade específica, inserindo-a no contexto humano e universal.

Para o jornalista Goffredo Fofi, ele “conseguia, sem esforço, transformar os nossos vícios em virtudes”. Já o escritor, também italiano, Ítalo Calvino o definia como um “homem de múltiplas curiosidades intelectuais e humanas” e de “relacioná-las para compor uma imagem do mundo com uma coerência interna e um sentido das causas do mistério”. O crítico Gianni Volpi vê a obra de Fellini como o retrato de um mundo disforme, antes que deformado.

Fellini foi autor de películas antológicas como Mulheres e Luzes (1950), Abismo de um Sonho (1952), Os Boas Vidas (1953), A Trapaça (1955), Noites de Cabíria (1957), A Doce Vida (1960), 8 ½ (1963), Satyricon (1969), Os Palhaços (1970), Amarcord (1973), Casanova (1976), Ensaio de Orquestra (1979), Cidade das Mulheres (1980), E la Nave Va (1983), Ginger e Fred (1985), A Voz da Lua (1990). Em breve o cineasta italiano será vivido no cinema pelo ator Wagner Moura na produção independente norte-americana Fellini Black and White, do diretor Henry Bromell.

Assim ficou marcada a carreira de um dos maiores nomes do cinema mundial, que nasceu em Rimini na Itália em 20 de janeiro de 1920 e morreu em seu país no dia 31 de outubro de 1993, quando uma estrela apagou no céu e diminuiu o brilho no planeta Terra. O próprio diretor definia seus trabalhos como “uma mistura de emoções pessoais”, ou seja, “as cores da escuridão que vivem em mim, que vivem em nós”. Seus filmes eram a representação de sua própria vivência, de suas memórias, indignações e esperanças. E dizia, “a luz é tudo, o verdadeiro universo de expressão do cinema. É sentimento, ideologia, filosofia, adjetivação”.

Federico Fellini, que foi casado com a também grandiosa atriz Giulietta Masina, sofria cm as durezas da crise econômica da Itália e com a crescente concorrência exercida pela televisão com o cinema. “Acho impossível aceitar que não exista mais, que seja fechada uma sala de cinema – onde as pessoas que saíram de casa se reúnem, se encontram, entram, sentam e aí a luz se apaga, um feixe luminoso parte e ilumina uma grande tela, e aparecem rostos enormes, que começam a falar. Parece-me que esse ritual, no qual nasci, no qual reconheço a minha vida, não pode desaparecer. Não tanto porque faço cinema, mas porque eu o conheci, ele me protegeu, protegeu minha adolescência do fascismo, da igreja, da família, da escola, da ignorância”, definiu a sétima arte.

Por Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

Trailers de alguns filmes:

Os Boas Vidas (1953)

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A Doce Vida (1960)

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