Vaza Jato revela relações promíscuas entre mídia burguesa e a operação golpista da República de Curitiba

Lava Jato combinava vazamentos seletivos com Estadão, mostra The Intercept. Cai mais uma máscara de Delton, o mentiroso.

“Meus vazamentos incentivam a colaboração”, disse Carlos Fernando dos Santos em uma das mensagens. Em outra, Dallagnol celebrava: “amanhã cooperação com EUA pro Bernardo é manchete do Estadão”. As mensagens divulgadas pela Vaza Jato lançam nova luz sobre as relações promíscuas entre a mídia burguesa e a operação golpista patrocinada pela República de Curitiba.

Procuradores da Lava Jato admitiram vazar seletivamente investigações para pressionar alvos e influenciar medidas da Operação. É o que revela a nova sequência de mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil, comprovando que o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, mentiu e que os investigadores fizeram uso dos vazamentos para intimidar suspeitos e manipular delações.

Desde que a Operação teve início e começaram as primeiras suspeitas de vazamentos seletivos, entre os jornais suspeitos estava o Estado de S.Paulo, por antecipar sentenças e passos dos investigadores. Agora elas são comprovadas pelas mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil. Os procuradores falavam abertamente em “vazamento seletivo” e seus objetivos.

Em conversa de junho de 2015, o procurador da Lava Jato de Curitiba, Carlos Fernando Santos Lima, admitiu a um colega: “meus vazamentos objetivam sempre fazer com que pensem que as investigações são inevitáveis e incentivar a colaboração”, e copiava o link de uma coluna de Dora Kremer, do Estadão, intitulada “Na mira do chefe”.

No texto, fala-se que “as investigações prosseguem, avançam e já desmontam ao menos uma tese: a de que as empreiteiras foram vítimas dos políticos”, e que “por isso mesmo há em Brasília a mais plena certeza de que os políticos não escapam. A Hora deles chegará”

Na ocasião, os procuradores estavam traçando estratégias para conseguir fechar o acordo com Bernardo Freiburghaus, apontado como operador de propinas da Odebrecht, e indicaram que a prática de vazamentos para tais objetivos já vinha ocorrendo.

Duas horas depois, foi a vez de Deltan Dallagnol falar diretamente com um jornalista do Estadão, vazando informação de que os Estados Unidos ajudariam a investigar Bernardo, antecipando ilegalmente ao jornal a investigação:

“O operador da Odebrecht era o Bernardo, que está na Suíça. Os EUA atuarão a nosso pedido, porque as transações passaram pelos EUA. Já até fizemos um pedido de cooperação pros EUA relacionado aos depósitos recebidos por PRC. Isso é novidade. Vc tem interesse de publicar isso hoje ou amanhã, mantendo meu nome em off? Pode falar fonte no MPF”, disse Dallagnol ao jornalista, que respondeu: “Putz sensacional! !!!! Publico hj!!!!!!!”.

De volta ao grupo de procuradores, Dallagnol anunciou: “amanhã cooperação com EUA pro Bernardo é manchete do Estadão”. Na manhã do dia seguinte, o vazamento seletivo virou capa do Estadão, com a manchete “Americanos vão ajudar a investigar Odebrecht”.

“A força-tarefa do Ministério Público Federal terá das autoridades dos Estados Unidos – onde está a mais estruturada e eficiente rede de combate à corrupção do mundo – auxilio para tentar desmontar a complexa engrenagem que seria usada pela Construtora Norberto Odebrecht para pagamentos de propinas via empresas offshores em nome de terceiros e contas secretas no exterior”, introduz a matéria.

No mesmo chat dos procuradores, Carlos Fernando dos Santos disse que também tem “um espaço na FSP [Folha de S.Paulo]”, dizendo: “vamos controlar a mídia de perto”.

Publicamente, Dallagnol diz que não vazou informações da Lava Jato à imprensa e a assessoria da força-tarefa também nega que os procuradores tenham repassado as informações antecipadas aos jornalistas. Ou seja, a exemplo do seu guru Sergio Moro, ele é um mentiroso.

Com GGN