Aconteceu na noite da última quinta-feira (12), no Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo (SJSP), uma reunião com jornalistas, radialistas, artistas e telespectadores para decidir e discutir a real situação da emissora pública paulista e os rumos para a adesão e o fortalecimento social do Movimento Salve a TV Cultura.
Durante o encontro, o presidente do SJSP, José Augusto Camargo (Guto), informou que o Sindicato havia feito – ontem mesmo – uma reunião com o atual presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, que não desmentiu os boatos de demissão em massa na emissora e nem confirmou, mas afirmou que reconhece a dívida de cerca de R$200 milhões e que os contratos das TVs Assembleia e Justiça, que terminam no final deste ano não serão renovados, com isso, aproximadamente 450 funcionários perderão seus empregos.
É fato que a TV Cultura não aproveitará esses trabalhadores, mas para Sayad, essa mão-de-obra deverá ser absorvida pela fundação que assumir a produção dos canais. O SJSP exigiu da direção da Fundação sua participação em todo o processo de transição para que os trabalhadores e trabalhadoras não sejam prejudicados.
“Entendemos que os funcionários não podem ser demitidos nestes meses em decorrência do período eleitoral. Afinal, a TV Cultura recebe recursos públicos e precisa seguir a regra geral”, afirma Guto.
A TV Cultura é a rede pública paulista e, ao longo dos últimos 16 anos, período em que a política neoliberal do PSDB/DEM “administra” a cidade de São Paulo, a emissora, mesmo custeada com verba pública, atravessa constantes problemas financeiros resultado dos constantes erros administrativos.
TV Cultura
Fundada em 1969, a TV Cultura é uma emissora que tem como linha ideológica a programação educativa e cultural.
A emissora é mantida pela Fundação Padre Anchieta, entidade que recebe verba pública do governo do Estado de São Paulo e de entidades privadas por meio de anúncios publicitários ou doações.
Quem é João Sayad
Sayad é economista e professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo).
Foi ex-secretário de cultura do governo Serra (2007-2010) e assumiu a presidência da TV Cultura em junho com a missão de “equilibrar” as contas da emissora, que estão negativas.
Seguem os rumores que para isso o então presidente pretende transformar a emissora numa retransmissora (coprodutora) de conteúdo, deixando de produzir programas próprios para, somente, comprar conteúdo de produtoras independentes ou do mercado internacional (BBC, Discovey, entre outros). Medidas que obtiveram o aval do ex-governador José Serra e do atual, Alberto Goldman.
Para que essas medidas aconteçam, será preciso que a TV Cultura faça uma demissão em massa, aproximadamente 80% dos atuais 1800 funcionários. Se cogita, também, até a venda de patrimônios da emissora como estúdios e os edifícios localizados no bairro da Água branca, em São Paulo.
Fábio Rogério Ramalho – Portal CTB