‘O valor de um homem’ reflete sobre o humano na guerra entre capital e trabalho

A obra do diretor francês Stéphane Brizé (“A hora da virada”, de 1999, “Mademoiselle Chambon”, de 2009) “La Loi du Marché”, que no Brasil foi traduzido por “O valor de um homem”, mostra os dilemas da classe trabalhadora na contemporaneidade onde o capital avança sobre o trabalho.

Taxado pejorativamente por críticos de “realista”, clara alusão ao realismo socialista, como se refletir sobre a realidade não pudesse gerar arte de boa qualidade.

O filme de Brizé reflete sobre a realidade, mostrando-a e abrindo discussão sobre como transformá-la. É uma película bem dirigida, com roteiro inteligente, fotografia espetacular e elenco afinadíssimo. Inclusive Vincent Lindon – protagonista – ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes, França, no ano passado.

O personagem de Lindon é um desempregado de 51 anos, que cede à pressão do mercado e sai de um processo com colegas para conseguir emprego. E vai trabalhar como segurança em uma grande rede de supermercados. Nada mais significativo.

Participa de vigilância, através de câmeras, de clientes e de funcionários, porque a ordem dos patrões era encolher a folha de pagamento. As cenas em que as pessoas pegas no flagrante são literalmente encostadas na parede apresentam a forma como o capital age na consciência das pessoas e cria disputa onde deveria haver solidariedade de classe.

Veja trailer 

Tudo muito atual, onde os direitos trabalhistas vêm sendo cerceados, com o argumento de vencer a crise do capital. “O valor de um homem” mostra a vida como ela é, mas insinua como ela poderia – ou deveria ser.

Discute também o trabalho como forma de progresso da humanidade, através da contraposição dos interesses entre a classe trabalhadora e os detentores dos meios de produção e de como isso se reflete na atitude dos funcionários em relação à empresa.

O final aberto, reforça a proposta do diretor em levar reflexões ao público. O valor de um homem seria medido pela maneira que cada um encontra em resistir à tentação de se entregar ao capital e ao mesmo tempo permanecer empregado. É possível assistir online.

Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy

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