Mundo perde o genial filósofo italiano Umberto Eco, aos 84 anos

O jornal “La Repubblica” noticiou nesta sexta-feira (19) o falecimento do filósofo, escritor, ensaísta e semiólogo italiano Umberto Eco, aos 84 anos. Segundo o jornal italiano ele morreu em casa, de causa ainda não divulgada pela família.

Incansável defensor da democracia nos meios de comunicação, Umberto Eco denunciou o “mar de lama” em que se transformou o jornalismo contemporâneo, bem ao sabor dos barões da mídia inteiramente partidarizada e, pior, publicando mentiras.

Um claro exemplo do que dizia o pensador é o caso de Mirian Dutra com o ex-presidente FHC, onde colunistas de plantão procuram de todas as formas inocentar o “príncipe dos sociólogos” de qualquer falcatrua, chegando acusar o PT pelas declarações da ex-amante de FHC.

“Perdemos um símbolo e um dos escritores mais influentes do século 20 e início do século 21, mas a extensa obra de Eco está aí, para ser lida, apreciada, repensada e analisada. E que não o esqueçamos”, diz a jornalista Luísa Gadelha, no blog Diário do Centro do Mundo.

A morte do importante filósofo repercutiu em todo o mundo. “Unia uma inteligência única com uma capacidade incansável de antecipar o futuro. É uma perda enorme para a cultura, que perderá sua escrita e sua voz, seu pensamento agudo e vivo, sua humanidade”, afirma Matteo Renzi, primeiro-ministro da Itália.

O jornal “El País” destaca que o autor de “O Nome da Rosa”, de 1980 (adaptado para o cinema por Jean-Jacques Annaud em 1986), “Pêndulo de Foucault” de 1988, nasceu em Alessandria, norte da Itália, em 5 de janeiro de 1932. “A última das obras de sua prolífica carreira como autor de romances de sucesso e ensaios de semiótica, estética medieval ou filosofia, foi ‘Número Zero’, um olhar crítico do grande conhecedor da comunicação sobre a crise do jornalismo”. Fácil de assitir “O NOme da Rosa” online.

Em entrevista para o jornal espanhol no ano passado sobre seu último livro, Eco disseca o que chama de “mau jornalismo” ao afirmar que “para deslegitimar o adversário não é necessário acusá-lo de matar sua avó ou de ser um pedófilo: é suficiente difundir uma suspeita sobre suas atitudes cotidianas”. Qualquer semelhança com o jornalismo brasileiro será mera coincidência?

Eco era doutor em filosofia pela Universidade de Turim e trabalhou em programas culturais da RAI, empresa estatal de TV e rádio Italiana, desde 1954. Durante os primeiros anos da década de 1960, trabalhou como professor associado de estética na Universidade de Turim e Milão.

Participou do chamado “Grupo 63”, que publicava ensaios sobre arte contemporânea, cultura popular e mídia. Estas obras são conhecidas como Apocalípticos e Integrados, de 1965. Além das obras já citadas também destacam “O Cemitério de Praga” (2010), “O Problema Estético” (1956), “O Sinal” (1973), “Tratado Geral de Semiótica” (1975) e “Apocalípticos e Integrados” (1964).

Em 2005, Eco foi eleito pela revista norte-americana Prospect o segundo maior intelectual vivo até então, precedido apenas por Noam Chomsky – também linguista e atuante ativista político.

“Eco agradou tanto as massas quanto os meios mais eruditos. Sua escrita pode ser leve, de humor fino, mas também traz reflexões nas entrelinhas. O Nome da Rosa pode ser lido tanto como um agradável suspense quanto como um grande ensaio acerca da natureza humana e do significado do riso”, afirma Luísa.

O compositor e cantor Leoni escreveu em seu Twitter que “essa é uma perda irreparável para a cultura mundial. Umberto Eco era um gigante da arte e do pensamento”. Já Roberto Saviano, jornalista e escritor italiano, diz: “adeus Professor. Toda a frase que conclui um romance é ‘nomine intocada rosa stat, nomina nuda tenemus’, uma expressão latina que, essencialmente, diz que a ideia de que o fim é apenas o nome das coisas”.

Fica mais uma mensagem do mestre, na entrevista que concedeu ao “El País” no ano passado. Eco questiona “de onde nasce o nazismo?” e ele mesmo reponde: “de uma profunda frustração. Tinham perdido uma guerra, e é nos momentos de grandes crises que o cacique de um povo pode congregar a opinião pública em torno do ódio contra um inimigo”.

A notícia de sua morte entristeceu todas as pessoas que se acostumaram com suas análises pertinazes sobre a comunicação, com críticas essenciais para o entendimento do presente e construção do futuro.

Tanto que ele disse recentemente que a internet poderá substituir o “mau jornalismo” por sua possibilidade de participação ativa de muitos atores, sem o filtro de editores a serviço de patrões, além de uma velocidade em noticiar jamais antes vista. O Portal CTB também se entristece com essa perda irreparável para todo o mundo democrático.

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB com agências

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