O impeachment de Bolsonaro na TV Record

Por Altamiro Borges
Nem a TV Record, do bispo bolsonarista de ocasião Edir Macedo, consegue mais esconder a crescente irritação popular com o atual desgoverno. No telejornal da emissora no Rio Grande do Sul, uma mulher pediu ao vivo o impeachment do “capetão” Jair Bolsonaro após ser questionada num posto sobre o preço dos combustíveis.

“O que está achando do preço da gasolina?”, perguntou a repórter. “Está cara, graças ao Bolsonaro”, respondeu a cliente. “E o que faz nesse momento? Enche o tanque igual?”, insistiu a jornalista. “Faz o impeachment do Bolsonaro”, disparou a motorista. Sem graça, a assalariada da tevê governista agradeceu à entrevistada e sugeriu que “a solução nesse momento é andar de bicicleta”.

A cena inusitada no telejornal local da emissora da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) – hoje porta-voz do “capetão”, sabe-se lá a qual preço – repercutiu de imediato nas redes sociais. “Ela lançou um pedido de impeachment na Record. Eu te amo, moça”, tuitou um internauta. Outro brincou: “A Dilma sofreu impeachment por pedaladas. A Record ao ouvir impeachment do Bolsonaro, sugere pedalar”. Um terceiro comentou: “Indignada pelo preço da gasolina (R$ 7,00) mulher pede o impeachment de Bolsonaro e repórter dá risadinha sem graça”.

Já as milícias digitais bolsonaristas não gostaram nada da entrevista ao vivo. Se bobear, daqui a alguns dias elas também vão fuzilar a emissora do bispo Edir Macedo, chamando-a de RecordLixo – juntando-a à GloboLixo e a CNNLixo. Em julho passado, a âncora do programa “Fala Brasil”, Mariana Godoy, chamou uma “live” obrada por Jair Bolsonaro de “bizarra”. O comentário irritou os chefões da Iurd, que proibiram opiniões contrárias ao governo na emissora.