O Brasil chora a morte de dona Ivone Lara, a dama do samba, nesta terça (17)

Conhecida como a Dama do Samba, dona Ivone Lara faleceu, na madrugada desta terça-feira (17), na Coordenação de Emergência Regional, no Leblon, Rio de Janeiro, onde estava internada desde a sexta-feira (13), dia em que completou 97 anos. Seu corpo está sendo velado na escola de samba de seu coração, a Império Serrano e o sepultamento ocorre às 16h30 no cemitério de Inhaúma, na capital fluminense.

Os pais exerceram influência sobre a primogênita do casal e cedo Yvonne Lara da Costa mostrava seu talento musical. Foi a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores de uma escola de samba, a Império Serrano, que adotou em seu coração em 1947.

Sorriso Negro (Jorge Portela e Adilson Barbado) 

Em 1965, emplacou o samba enredo “Os cinco bailes da história do Rio”, da Império Serrano. Não parou mais e se tornou uma das mais importantes vozes do samba. Suas composições foram gravadas por Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Mariene de Castro, Marisa Monte, entre muitos outros grandes intérpretes.

“Alguém Me Avisou”, “Sonho Meu” (parceria com Délcio Carvalho) e “Sorriso Negro” (Jorge Portela e Adilson Barbado) estão entre os seus maiores sucessos. Passou a se dedicar exclusivamente à música a partir de 1977, quando se aposentou da atividade de assistente social.

Sonho Meu (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho) 

Diversos artistas lamentaram a sua morte e relevaram a sua obra como imortal. “Nossa querida dona Ivone Lara, a dama do samba, segue seu caminho brilhante e agora está iluminando o céu. Obrigada, dona Ivone”, escreveu em sua rede social Marisa Monte.

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A Dama do Samba entre Gisa Nogueira (à esquerda) e Leci Brandão

Dona Ivone Lara nasceu em 13 de abril de 1921, no Rio de Janeiro. Filha de Emerentina Bento da Silva e José da Silva Lara. Paralelamente ao trabalho, ambos tinham intensa vida musical: ele era violonista de sete cordas e desfilava no Bloco dos Africanos; ela era cantora e emprestava sua voz a ranchos carnavalescos. A filha mostrou que tem o DNA do samba no seu coração.

Alguém Me Avisou (Dona Ivone Lara) 

Em 2012, a escola de samba Império Serrano, no Grupo de Acesso do Rio, prestou homenagem à sua eterna compositora com o enredo “Dona Ivone Lara: o enredo do meu samba”. Em 2015, ela entrou para a lista “10 Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio”.

O seu neto André Lara afirmaou ao G1 que “minha avó foi um ser de luz. Ela era muito humilde, às vezes não tinha noção dessa representatividade dela para a música e para o país”.

A cantora, compositora e deputada estadual pelo PCdoB de São Paulo, Leci Brandão expressa com delicadeza o sentimento dos milhares de fãs da Dama do Samba. “Madrugada triste, meu coração está apertado… Nossa amiga e mestre, Dona Ivone Lara nos deixou. Já sinto saudades, descanse em paz rainha”, escreveu em sua rede social.

Acreditar (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho)  

Dona Ivone Lara é uma das grandes expressões da cultura brasileira. Resistiu a preconceitos por ser mulher, negra e pobre. Superou as adversidades e se transformou numa das maiores vozes da música popular brasileira, através samba.

Seu sorriso negro  acalentou o canto pelo Brasil dos sonhos de fraternidade, igualdade, paz e liberdade. Cantou o que sentia de verdade e por isso conquistou o mundo com uma voz e um talento para a composição inigualáveis.

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

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