CULTURA: Neruda lê para Prestes no Pacaembu de 100 mil

Após a 2ª Conclat ter lotado o estádio paulista, Estudantenet relembra outro momento histórico que transformou o palco do futebol em arena para a manifestação popular: em 1945 100 mil foram ouvir o discurso do líder comunista Luis Carlos Prestes, que acabara de ser libertado depois de nove anos na prisão.

Numa conversa de mesa de bar, um amigo perguntou: “Você estava no Pacaembu ontem?”. Ele se referia à última terça-feira, 1º de junho, quando 30 mil participaram da 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) e lotaram as arquibancadas do tradicional estádio na capital paulista. “E você se lembra de 1945, quando o Prestes levou 100 mil ao mesmo Pacaembu”, arrematou o mesmo amigo.

Daí veio a idéia de relembrar esse momento marcante da história brasileira. O estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, conhecido como o Pacaembu, foi inaugurado no dia 27 de abril de 1940. Em 15 de julho de 1945, ele foi simplesmente tomado por mais de 100 mil pessoas. Elas se acotovelavam para ouvir o líder comunista Luís Carlos Prestes, recém-libertado da prisão imposta por Getúlio Vargas após nove anos encarcerado e sem comunicação com o público. O Partido Comunista do Brasil vivia um raro período de legalidade, e aproveitou a ocasião para promover o grande evento.

Entre os convidados, o poeta chileno Pablo Neruda, que veio ao país especialmente para a ocasião do discurso de Prestes e escreve a sua saudação ao povo brasileiro, um poema em homenagem a Prestes, intitulado “Dicho em Pacaembu”.

Assim, o poeta terminou o seu texto:

“Peço silêncio à América da neve ao pampa / Silêncio: com a palavra o Capitão do Povo / Silêncio: que o Brasil falará por sua boca”.

O discurso de Prestes hipnotizou o público, que só o interrompia para calorosos aplausos. “Organizemos as grandes massas trabalhadoras da cidade e do campo, fazendo uso das armas da democracia, livre discussão, livre associação de idéias e sufrágio universal”, conclamou. Dois anos depois, o PCB voltava à ilegalidade.

Filme
No youtube é possível assistir ao filme “Comício: São Paulo a Luiz Carlos Prestes”, que tem 9min e 14s de duração e foi dirigido pelo fotógrafo e cineasta carioca Ruy Santos, na época membro do PCB. A narrativa, feita por Amarilio de Vasconcelos, com texto de Alinôr de Azevedo, é fantástica e lembra os clássicos Cine Jornais, registrando todo o clima antes e durante o grande evento, colocando o povo como grande protagonista daquele momento histórico.

Veja abaixo:

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Publicado pelo portal EstudanteNet, da UNE

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